Frente Parlamentar sobre os Impactos da Quarta Revolução Industrial recebe professor Silvio Meira

Em 12/09/2019 - 19:09
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Frente Parlamentar Sobre Os Impactos Da Quarta Revolução Industrial Em Pernambuco

PREVISÃO – “Os profissionais deverão estar se capacitando periodicamente para não ficarem defasados ou excluídos do mercado”, alertou professor, que proferiu palestra na Alepe. Foto: Jarbas Araújo

“Sem investir em educação, não vamos poder competir.” A frase do professor Silvio Meira sintetiza como o mundo deverá se comportar diante da chamada revolução digital. O cientista foi convidado pela Frente Parlamentar sobre os Impactos da Quarta Revolução Industrial em Pernambuco para fazer uma palestra, nesta quinta (12), na Assembleia. O presidente do Conselho do Porto Digital falou sobre as grandes mudanças tecnológicas já em andamento, que terão repercussão na vida das pessoas, especialmente no mundo do trabalho. Segundo Meira, a realidade atual mostra que não há como saber quais serão as profissões do futuro, mas, com investimento nas pessoas, tudo ficará mais fácil.

   A inteligência artificial e a internet das coisas foram dois pontos tratados pelo professor. “Hoje em dia, um carro pode ter até 45 computadores instalados, mas nos últimos anos, o que se vê é que eles já começam a funcionar em rede, e o fabricante poderá interferir na locomoção do veículo”, exemplificou. Meira afirmou que a venda de um serviço será mais importante do que a venda de um produto. 

O professor explicou que o foco profissional do meio digital está nos machine learnings, quando profissionais desenvolvem softwares para fazer com que as máquinas consigam realizar ações parecidas com as dos humanos, da forma mais natural possível. “São os chamados sistemas cognitivos. A computação cognitiva tem o objetivo de expandir as ações que os humanos podem executar, e não substituí-los”, destacou.

Silvio Meira apresentou algumas estatísticas relacionadas ao comportamento do mundo profissional diante das evoluções. De acordo com ele, nos Estados Unidos, dos 2,5 milhões de pessoas que trabalham como prestadores de serviços, só 750 mil serão absorvidos em outras funções. Outro dado apontado é que cerca de 47% dos empregos atuais daquele país serão informatizados em 20  anos, dispensando o papel humano. “Muitas profissões vão desaparecer, como a de operador de telemarketing, por exemplo, mas outras tantas serão criadas. Os profissionais deverão estar se capacitando periodicamente para não ficarem defasados ou excluídos do mercado”, pontuou.

O cientista alertou para o papel fundamental dos governantes brasileiros, que precisam investir fortemente em formação de mão de obra. Segundo ele, está provado que, quanto menor o grau de educação da população de um país, maior será o impacto com a revolução digital. Meira ressaltou que deveria ser obrigatório para cada aluno que terminasse o Ensino Médio saber programar computadores. “Hoje em dia isso já é básico. Além disso, os estudantes devem conhecer bem o português, a matemática e falar inglês fluentemente”, salientou. Ele ainda chamou atenção para o número de vagas ociosas no Porto Digital, que já chegam a mil postos. “Não temos pessoal qualificado para ocupar essas vagas. O País não está preparado para esse novo mundo e essa preocupação é mais do que urgente”, enfatizou.

Diante dos alertas apontados pelo cientista, o  coordenador do colegiado, deputado João Paulo (PCdoB) sugeriu que a Assembleia promova um seminário com a presença de secretários de Estado e de especialistas em computação para que se elabore um plano de desenvolvimento científico a fim de enfrentar essa realidade. “Não podemos mais perder tempo. Nossa população precisa de mais alicerces para poder se estabelecer neste novo momento. Espero que o Governo do Estado se sensibilize e resolva enfrentar esse desafio desde já”, afirmou.

A deputada Simone Santana (PSB), que ocupa o cargo de presidente interina da Assembleia, e o líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), disponibilizaram-se a realizar articulações junto ao Poder Executivo para que a educação pública em Pernambuco esteja conectada com esse novo cenário. “Precisamos difundir essa informação e ampliar o conhecimento de nossos alunos”, declarou Simone. “Temos que nos conscientizar de que o futuro já chegou e não há tempo para pensar. Vamos atrás de ações concretas para enfrentar esse desafio”, avaliou Isaltino.