
INICIATIVA – Teresa Leitão, que propôs o encontro, também participou da paralisação e depois tornou-se uma das fundadoras e diretoras do Sintepe. Foto: Evane Manço
Os 40 anos da Greve dos Professores de 1979, que uniu docentes da rede particular e da rede pública com reivindicações salariais e manifestações contra a ditadura militar, foram relembrados em Grande Expediente Especial (GEE) da Assembleia Legislativa, nesta quinta (12). Iniciada no dia 25 de maio daquele ano, a greve foi realizada contra a vontade das direções sindicais da época e lançou as bases para a nova organização sindical que surgiria com a retomada da democracia. A reunião foi solicitada pela deputada Teresa Leitão (PT).
“Para a maioria das pessoas aquela foi a primeira greve de que elas participaram e nós precisamos, ao mesmo tempo, conduzir a greve e enfrentar o aparelho repressor. Muitos companheiros perderam o emprego por conta desta paralisação”, relatou Suely Santos, uma das militantes de base que ajudou a coordenar o movimento. Na época, Suely estava em seu primeiro emprego, como professora de jardim de infância. Ela lembrou que a maioria dos grevistas era formada por jovens que, assim como ela, não concordavam com a postura subserviente dos sindicatos em relação ao governo, mas não tinham experiência e nem cargos sindicais.
A greve dos professores da rede particular durou até 5 de junho de 1979, e se encerrou após a conquista de um aumento de 58% nos salários dos docentes. Enquanto isso, a paralisação da rede pública se alongou por mais um mês, com professores em vigília na frente da Secretaria de Educação para pressionar o Governo, mas terminou com as reivindicações dos docentes não sendo atendidas. “O que eu acho bonito é que em meio dos escombros de um estado opressor, construímos uma democracia operária que deu origem a um novo sindicalismo, mais ligado às bases, que depois virou fundamento para a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT)”, relatou Suely Santos.
Teresa Leitão (PT) também participou da greve e depois foi uma das fundadoras e diretoras do Sintepe (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco). “Além da reivindicação econômica, nós gritávamos: ‘Diretas Já, de presidente a diretor escolar’”, relembrou. “O fato de termos aqui vários parlamentares que vieram do movimento sindical demonstra como os sindicatos têm a compreensão de que precisam trazer as suas bandeiras para as esferas institucionais, e fazer o direito dos trabalhadores ser, de fato, respeitado”, afirmou a deputada, que foi acompanhada na reunião por João Paulo (PCdoB) e Isaltino Nascimento (PSB).
O atual presidente do (Sintepe) José Fernando de Melo, avalia que muitas conquistas da categoria têm origem na renovação da luta sindical iniciada em 1979. Mas, para ele, a conjuntura atual coloca essas conquistas em risco. “Sem os recursos do pré-sal, sem 10% do PIB para a Educação e sem o Fundeb, que vence em 2020, a gente pode estar fadada a voltar a uma situação da década de 80, quando professores recebiam menos de um salário mínimo e muitos passavam cinco, seis meses com salários atrasados”, alertou.
O GEE também contou com a participação de Helmiton Bezerra, presidente do Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro) e do presidente da CUT em Pernambuco, Paulo Rocha, além de representante da CTB (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil), Wallace Melo, e da Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação, Valéria Silva.