
AMEAÇA – “A intenção do atual Governo é transformar a educação num balcão de negócios.” Foto: Breno Laprovitera
Batizada de Future-se, a mudança no modelo de gestão das universidades e instituições federais proposta pelo Ministério da Educação (MEC) foi criticada pelo deputado João Paulo (PCdoB), em discurso no Grande Expediente desta terça (20). Segundo o parlamentar, a medida ameaça a autonomia do ensino público federal.
“O Future-se é uma ameaça à existência das universidades públicas. Na prática, tira-se do Estado a responsabilidade por essas instituições, deixando-as ao sabor do mercado”, declarou. Segundo João Paulo, iniciativas como a de instituir a gestão de universidades por meio de Organizações Sociais (OS) de natureza privada prejudicam a independência e o espírito crítico dessas entidades de ensino.
“Será que o mercado estaria investindo em projetos de extensão voltados para a favela, a periferia, os quilombolas e os LGBTs? A intenção do atual Governo é transformar a educação num balcão de negócios”, avaliou o comunista. Ele convocou a população para mais uma manifestação do chamado “Tsunami da Educação”, marcada para o feriado de 7 de Setembro.
“É lamentável que tenhamos passado do céu ao inferno em tão pouco tempo. Depois da gestão do ministro Fernando Haddad ter espalhado universidades e institutos federais no interior do País, estamos vendo o risco de a universidade pública ser engolida pelo setor privado”, considerou o parlamentar. “As faculdades privadas têm seu papel de serem mais próximas do mercado. O que professores e alunos defendem é a preservação de um modelo de Ensino Superior que aposte no conhecimento como fim em si mesmo”, concluiu.
Em aparte, o deputado José Queiroz (PDT) apoiou João Paulo e lembrou a exoneração do cientista Ricardo Galvão da presidência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Temos que elevar a voz de Pernambuco para mostrar que não aceitamos esses disparates contra a nação. É preciso coragem e determinação para que a sociedade reaja diante de tantos abusos contra a democracia”, declarou o pedetista.