
DISCUSSÃO – Pela manhã, participantes assistiram a palestras do professor Ivan Mizanzuk e dos jornalistas Severino Motta e Carly Falcão. Foto: Roberto Soares
Ampliar e fortalecer o diálogo entre a Assembleia e a sociedade: essa é a proposta do Seminário Comunicação Legislativa e Cidadania que, nesta sexta (17), chegou a sua quarta edição discutindo formatos atrativos para dar visibilidade a assuntos de interesse público. O evento, direcionado a comunicadores, estudantes e pesquisadores do tema, é promovido anualmente pela Superintendência de Comunicação Social da Alepe, com o apoio da Mesa Diretora e do Sindicato dos Servidores no Poder Legislativo do Estado de Pernambuco (Sindilegis-PE).
Trazendo o questionamento “A comunicação pública pode ser pop?”, a primeira mesa de debates reuniu a doutora em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e editora de mídias sociais da Assembleia, Carly Falcão; o professor e criador dos podcasts AntiCast e Projeto Humanos, Ivan Mizanzuk; e Severino Motta, repórter do Buzzfeed News, divisão de notícias do site reconhecido pela produção de conteúdos de entretenimento.
Os convidados foram unânimes na defesa de formatos que atraiam a atenção de um público cada vez mais conectado e disperso, mas que prezem sempre pela qualidade e fidelidade da apuração da informação. “É preciso confrontar este conceito de que a comunicação pública deve ser sisuda, séria. Ela, na verdade, precisa ser compreensível, e o infotenimento é um facilitador nesse processo de aproximação com o público”, afirmou Carly.
Mizanzuk falou sobre a preferência dele pela técnica do storytelling, que consiste em “contar histórias” aos ouvintes e, assim, chamar atenção do indivíduo para assuntos amplos. “Conta-se uma história individual para explicar algo macro. As histórias entretêm e isso não significa, necessariamente, fazer alguém feliz. Pode-se utilizar uma narrativa triste, mas que crie um envolvimento emocional que facilite a compreensão do tema”, comentou.
“Se nos preocuparmos apenas em seguir os critérios jornalísticos tradicionais de apuração, teremos um conteúdo de excelência que não chegará ao público. Por isso, precisamos ‘encapsular’ a informação de um jeito que ela fique atrativa para as pessoas”, alertou o jornalista Severino Motta. “Personagens valem mais que estatísticas, e histórias humanas valem mais que letras frias de lei”, aconselhou.

PAINEL – Durante a tarde, destaque foi para casos que se tornaram referência em comunicação pública e comunitária. Foto: Sabrina Nóbrega
À tarde, o “Painel de boas práticas: comunicação pública e empoderamento popular” reuniu casos que se tornaram referência em comunicação pública e comunitária. Representantes de diferentes instituições apresentaram exemplos de iniciativas que têm alcançado sucesso nesse sentido.
Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Veloso defendeu que os veículos públicos de comunicação assumam o “papel cidadão” de destacar assuntos que nem sempre aparecem nas outras mídias, ao apresentar a experiência do programa Fora da Curva, da Rádio Universitária FM, do Recife. “Nós somos o outro lado”, resumiu.
O projeto Corrupção Tem Jeito, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), foi exposto por Andréa Corradini, publicitária que trabalha na Assessoria de Comunicação do órgão. A proposta, reconhecida por premiações da área, tenta mobilizar a população para ser também agente da mudança, e não apenas apontar os desvios dos ocupantes de cargos públicos. “Fomos provocados a entender a dinâmica da corrupção e voltamos o foco para a conscientização”, relatou.
A ampliação dos canais de comunicação entre os governos e os cidadãos é o propósito do também premiado aplicativo para celulares Colab, que foi apresentado pela especialista em administração pública da empresa, Luiza Barbosa. “O governo do futuro é aberto, engajado, colaborativo”, analisou.
O game educativo baseado na mitologia de matriz africana Contos de Ifá, gerido em colaboração com a comunidade em Olinda, no Grande Recife, foi tema da exposição de Ricardo Brazileiro, do Centro Cultural Côco de Umbigada. “É um projeto com visão horizontal, plural, que ativa um arranjo produtivo local de inovação”, sublinhou. O mediador do painel foi o jornalista André Zahar, da Alepe.
Institucional – Pela manhã, na abertura do evento, o primeiro vice-presidente da Alepe, deputado Pastor Cleiton Collins (PP), destacou o valor da comunicação pública e reforçou seu apoio para a instalação da TV Alepe, canal que transmitirá as atividades do Poder Legislativo e conteúdos de interesse dos pernambucanos.

COMPROMISSO – Primeiro vice-presidente da Casa, deputado Pastor Cleiton Collins defendeu instalação da TV Alepe. Foto: Roberto Soares
“No que depender de mim, vamos implantar a TV Alepe, que é o instrumento que o povo tem para defender seus interesses”, disse o parlamentar, que é formado em Radialismo. “Que o debate de hoje fortaleça a comunicação promovida em Pernambuco”, desejou o superintendente de Comunicação da Casa, Mardoqueu Silva.
Presidente do Sindilegis-PE, o jornalista Marconi Glauco lamentou a transmissão de “um pensamento único” pela mídia tradicional. “A comunicação pública e a imprensa alternativa são o caminho que temos para enfrentar este momento de ataques que estamos vivendo.”
Jornalista da Alepe e membro da comissão organizadora do seminário, Raero Monteiro reforçou a necessidade de estruturar veículos de comunicação pública para combater o desconhecimento que grande parte da população ainda tem sobre o Legislativo Estadual.