
PROTESTO – Parlamentar considerou absurdo o fato de crianças interagirem com um coreógrafo que estava despido. Foto: Roberto Soares
Em pronunciamento durante a Reunião Plenária desta segunda (2), o deputado André Ferreira (PSC) criticou a performance realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, na semana passada, que foi acusada nas redes sociais de incitação à pedofilia. O parlamentar citou artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que teriam sido violados e pediu providências para punir os responsáveis. Também anunciou que apresentará Voto de Protesto contra a apresentação, feita na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira.
Na performance, o coreógrafo Wagner Schwartz se apresenta com o corpo nu, com a possibilidade de haja manipulação pelo público. A polêmica foi provocada por fotos e vídeos que se espalharam nas redes sociais em que uma criança interage com o artista, tocando em sua perna e mão. André Ferreira considerou a iniciativa “absurda” e questionou o valor artístico.
“Era um homem nu fazendo uma participação artística junto a crianças de 5, 6, 7 anos de idade, em que elas eram estimuladas a tocar e a caminhar com ele no museu. Isso, para mim, não é arte. É pedofilia. O fato deixou todos os pais do Brasil chocados”, expressou.
No discurso, o deputado leu artigos do ECA que tratam da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente e da proteção contra tratamento vexatório ou constrangedor. Registrou, ainda, pontos relacionados à classificação etária de diversões e espetáculos, e à necessidade de publicações destinadas a eles respeitarem valores éticos e sociais da pessoa e da família. “Cadê o Ministério Público de São Paulo, a Ordem dos Advogados do Brasil? Por que não defendem as crianças brasileiras?”, criticou.
Em aparte, Joel da Harpa (PODE) defendeu que o coreógrafo fosse preso e cobrou medidas dos poderes Judiciário e Legislativo. “Esperamos que em Pernambuco não tenhamos esse tipo de coisa, ainda mais com incentivo do Poder Público”, disse. Gustavo Negromonte (PMDB) acrescentou que, além do artista, o curador da exposição e a mãe da criança também tinham que ser presos. Questionou, ainda, a defesa apresentada pelo museu de que a sala onde ocorreu a performance estava devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística. “É o mesmo que dizer que se um bar sinaliza que há consumo de drogas, passa a ser permitido”, comparou.
Bispo Ossesio Silva (PRB) considerou a iniciativa “uma agressão à família e à sociedade”. Edilson Silva (PSOL) parabenizou André Ferreira pela escolha do tema e a utilização do ECA como parâmetro para a discussão. “O debate sobre os limites da arte precisa ser feito quando se chega a um componente controverso como esse. Houve um desconforto muito grande com esse evento”, expressou o psolista.
Para Terezinha Nunes (PSDB), o museu e a mãe da criança deveriam tê-la impedido de assistir e interagir. “É preciso haver uma punição exemplar”, observou. “Não se concebe que crianças participem de cena com alguém que esteja nu. Isso ofende não só a tradição e nossos paradigmas culturais, mas o próprio convívio civilizatório e as nossas normas, inclusive criminais”, ratificou Rodrigo Novaes (PSD). Simone Santana (PSB) defendeu que , a partir desse episódio, seja dada mais atenção ao tema da pedofilia: “A questão precisa ser discutida para que o enfrentamento seja mais efetivo”, pontuou.