
DADOS – Segundo Gass, das cerca de três milhões de crianças no Brasil que estavam fora da escola em 2014, 40% têm alguma deficiência. Foto: Jarbas Araújo
Das cerca de três milhões de crianças no Brasil que estavam fora da escola em 2014, 40% têm alguma deficiência. A falta de infraestrutura explica parte da evasão: apenas uma em cada três escolas está preparada para receber esse público. Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e foram apresentados, nesta segunda (28), pelo chefe da plataforma do Semiárido da entidade, Robert Gass, em reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência.
O representante d0 Unicef destacou ações da entidade para promover os direitos das crianças mais afetadas pelas desigualdades, entre os municípios do Interior e as capitais brasileiras. “Temos algumas ferramentas para dar mais acesso, como nosso programa de busca ativa escolar, que identifica as crianças que estão fora da escola”, explicou Gass.
O trabalho realizado no Recife para incluir os alunos foi comentado pelo representante da Gerência Municipal da Pessoa com Deficiência, Paulo Fernando. “Dispomos de algumas escolas com salas bilíngues. Também realizamos concurso e foram contratadas várias pessoas para acompanhar os alunos com deficiência. Além disso, discutimos a própria reforma de acessibilidade nas escolas, garantindo o direito de ir e vir do aluno não só ao colégio, mas também no entorno”, mencionou.
Para o presidente da Associação dos Surdos de Pernambuco, René Ribeiro, o desenvolvimento de uma criança surda pode ser igual ao de qualquer outra. Segundo ele, porém, somente oito escolas de Pernambuco estão preparadas para receber estudantes com deficiência auditiva. “Os coordenadores e diretores não têm capacitação para receber esse aluno, para fazer a mesma atividade com metodologia diferenciada”, explicou Ribeiro, por meio da Língua Brasileira dos Sinais (Libras) – ele não se comunica pela fala – e com apoio da intérprete Janaína Lira.

HOMENAGEM – Atleta paralímpica Lucy Meyer recebeu gola de caboclo de lança. Foto: Jarbas Araújo
Coordenadora da frente parlamentar, a deputada Terezinha Nunes (PSDB) afirmou que as escolas particulares ainda resistem à aceitação de crianças com deficiência e, por vezes, negam-se a realizar matrículas. Ela prometeu monitorar a situação no Estado. “Como o Unicef nos disse que vai fazer uma busca ativa junto com a Prefeitura do Recife para que essas crianças passem a ir para escola, nós vamos acompanhar. É nosso papel”, acredita.
A reunião do colegiado contou com a participação da atleta paralímpica norte-americana e porta-voz do Unicef para crianças com deficiência, Lucy Meyer. Ela foi presenteada com uma gola de caboclo de lança, traje típico do maracatu rural de Pernambuco. A realização do encontro nesta segunda marcou, também, o fim da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência.