Uma das festas mais tradicionais em Pernambuco, o São João guarda um significado especial para cada pessoa. “Alegria! Fogueira. Comida. Quadrilhas! Forró. Tradição. Família.” Não bastasse tudo isso, para alguns, o evento é sinônimo de dinheiro. Nesse período do ano, há quem faça uma renda extra por meio do comércio. Há mais de 10 anos, a técnica em administração, Fernanda Souza, consegue aumentar o orçamento da família com a venda de bolo de milho. “A partir do mês de maio, eu já começo a fazer. O pessoal já começa a me encomendar os bolos. Quando eu faço meu bolos dá um aumento, mais ou menos, de 20%. E me ajuda a pagar as contas um pouco, que ultimamente está meio apertado o meu orçamento.”
Se Fernanda vende mais bolos, ganha também quem produz o milho. Em 2016, quase 12 milhões de espigas foram comercializadas no estado, durante o São João. Este ano, as vendas devem bater a casa dos 13 milhões, segundo o presidente do CEASA Pernambuco, Gustavo Melo. Além do recorde, Melo apresentou uma novidade. “Outro destaque é que 90% da produção deste ano é daqui de Pernambuco. A produção nossa aqui aumentou, quando, historicamente, fica variando entre 50 e 60%. Isso, em dinheiro, só para a comercialização de milho, varia entre 7 a 8 milhões de reais.”
No setor hoteleiro, o saldo da festa também é positivo. Quem garante é o proprietário do Hotel Portal de Gravatá, Eduardo Cavalcanti. “O período de São João é, sem sombra de dúvidas, um dos picos da hotelaria do interior de Pernambuco, principalmente de Gravatá. É uma taxa de ocupação de 100%, com pacote fechado, sempre, no mínimo de três diárias. Então, isso já aumenta no faturamento bastante de toda a hotelaria.”
Cavalcanti ainda destacou que a economia de Gravatá, como um todo, se beneficia com a festividade, graças ao aumento do consumo. Assim como o empresário, o economista da Fecomércio Pernambuco, Rafael Ramos, confirma o impacto do São João em diversos segmentos. “Ele movimenta na questão da contratação de mão de obra. Então, ele reduz o desemprego e coloca a renda na economia. Ele movimenta na questão das famílias estarem comprando e também ele cria imposto para o próprio setor público, na questão da movimentação de venda e compra de mercadoria. Então, você vê que ele mexe com uma cadeia muito grande e é muito importante para a economia.”
Segundo Ramos, o evento também sinaliza para os empresários se o mercado está ou não aquecido, e facilita a tomada de decisão para investimentos em outras datas comemorativas. No mercado da música, há quem tenha lucrado mais com o São João em outros tempos. É o caso do cantor e compositor caruaruense, Petrúcio Amorim. “É um período aquecido, mas depende muito da quantidade de shows que a gente faz. Já houve época em que a gente fez muito mais shows. Já houve o período de a gente fazer 30 shows, 29, 28. Hoje, é reduzido em 15. Tudo bem que houve um aumento do cachê.”
Apesar desse caso, tudo indica que o São João movimenta mais dinheiro hoje do que antes. Este ano, o faturamento do evento deve chegar a mais de 257 milhões de reais, de acordo com a Secretaria de Turismo e Lazer do Estado. O número representa um aumento de quase 1% em relação a 2016. Fato é: com dinheiro no bolso e memórias a perder de vista, Junho se encerra e o São João deixa, em muitos, saudade.