
ACOLHIMENTO – Unidade municipal, localizada em Casa Amarela, tem 65 dos seus 360 alunos com algum tipo de necessidade especial. Foto: Rinaldo Marques
Uma escola que virou referência em acolhimento de estudantes com necessidades especiais recebeu a visita da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência, na manhã desta segunda (15). A Escola Municipal Rozemar de Macedo Lima, localizada no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, tem 65 dos seus 360 alunos com algum tipo de deficiência – 18% do total. Mesmo com dificuldades na estrutura física, a unidade chega a atrair pais de outras cidades para matricular seus filhos no local.
“Todas as mães com filhos autistas têm dificuldade de mantê-los na escola. Houve uma instituição em Olinda em que o meu filho não ficava dez minutos e tinha de voltar para casa”, relatou a dona de casa Edjane Lima, mãe de Guilherme, 9 anos. Ela se mudou este ano para o Recife, com o propósito de que o filho pudesse estudar no colégio em Casa Amarela. “Nós fomos muito bem aceitos aqui. Eu sei que a parte pedagógica não é fácil, a prefeitura não tem tantos recursos para trabalhar com as crianças, mas eles fazem o que podem”, avaliou.
“Nós e toda a rede ainda temos um déficit grande em relação a material e acompanhamento pedagógico. Mas temos o mais importante, que é o acolhimento e a boa vontade”, considerou a diretora da escola municipal, Ana Rita Modesto. A gestora destacou a importância da inclusão das crianças com deficiência em salas regulares. “Os próprios colegas procuram identificar quando seus amigos ficam mais agitados e nervosos, e se oferecem para ajudar. Eles se tornam verdadeiros terapeutas, num grande aprendizado para todos”, observou a diretora, à frente da unidade de ensino desde 2015.
Um dos problemas estruturais da escola, segundo Ana Rita Modesto, é a climatização. “A falta de ar condicionado afeta, principalmente, alunos com autismo, que podem ter muita sensibilidade com relação ao barulho e ao calor”, explicou. O fato de os auxiliares dos professores no acompanhamento das crianças com necessidades especiais serem, na maioria, estagiários, é outra questão enfrentada pela equipe pedagógica. “Os professores não podem depender só de estagiários para isso. Precisamos de um quadro efetivo, com formação específica, que garanta uma continuidade do trabalho”, ressaltou a gestora.
“Saio daqui muito surpresa com a qualidade do acolhimento das pessoas com deficiência nessa unidade. Há casos, inclusive, de estudantes que vieram transferidos da rede particular”, frisou a coordenadora da Frente Parlamentar, deputada Terezinha Nunes (PSDB). A deputada salientou que, conforme depoimento dos pais, os filhos tiveram uma melhora na qualidade de vida após entrarem na escola. “Mesmo com os problemas na estrutura, considero que o modelo adotado na unidade de ensino é um exemplo a ser seguido”, analisou.
Plenário – Terezinha Nunes retomou o assunto na tarde desta segunda (15), na Reunião Plenária. Ela registrou que há denúncias de escolas particulares que recusam alunos com necessidades especiais. “Infelizmente, alguns pais acreditam que a presença de crianças com deficiência pode prejudicar o desempenho dos demais. O exemplo da Escola Rozemar de Macedo Lima derruba essa alegação, mostrando que isso ajuda os outros alunos no processo pedagógico”, declarou. A parlamentar também anunciou haver encaminhado para a Prefeitura do Recife as demandas relacionadas à melhoria da infraestrutura da instituição de ensino.