
ELEIÇÕES – Sílvio Costa Filho repercutiu relato de Antônio Campos, que afirmou ter sido vigiado ao longo do processo eleitoral. Foto: Henrique Genecy
O líder da Oposição, Sílvio Costa Filho (PRB), cobrou, durante a Reunião Plenária desta segunda (7), providências dos poderes Executivo e Legislativo para esclarecer a denúncia feita pelo candidato a prefeito do PSB derrotado na eleição de Olinda, Antônio Campos. O advogado afirmou, em entrevista na última semana, ter sido monitorado indevidamente pela Casa Militar do Estado durante o processo eleitoral. Costa Filho se disse “estarrecido” e comparou o suposto monitoramento a práticas da ditadura militar.
De acordo com Campos, o serviço de inteligência o acompanhou sem o seu conhecimento, e, quando soube, o fato foi levado ao conhecimento de auxiliares do Governo do Estado. Costa Filho repercutiu a denúncia e lembrou que a ex-procuradora-geral do Estado, Bianca Teixeira Avallone, também afirmou, por meio de redes sociais, que a Casa Militar foi usada para suposta “espionagem” em Caruaru contra a campanha da prefeita eleita Raquel Lyra (PSDB).
“Como democrata e cidadão pernambucano, fiquei muito preocupado. O Brasil viveu por muito tempo um processo de ditadura, onde os ambientes de democracia foram monitorados. Ser monitorado por uma Casa Militar em pleno estado (democrático) de direito é uma acusação muito séria”, expressou. “Se isso foi feito com um membro do PSB, imagine o que estão fazendo com os deputados de oposição, com os que vão de encontro ao projeto de poder do partido em Pernambuco”, apontou, cobrando esclarecimentos.
O líder oposicionista também solicitou à Mesa Diretora da Alepe que providencie uma varredura nos gabinetes da Oposição em busca de possíveis grampos e à Comissão de Justiça da Casa a realização de uma audiência pública com a presença dos que se sentiram lesados e dos representantes da Casa Militar. O petebista pediu, ainda, que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acompanhem a situação.
O discurso recebeu apartes de outros parlamentares. Álvaro Porto (PSD) denunciou que militantes de candidatos da oposição em Brejão (Agreste Meridional) teriam sido seguidos e abordados por policiais que se identificaram como integrantes da Casa Militar. “Acredito que estamos todos grampeados, principalmente quem faz uma crítica ao Governo do Estado. É um absurdo usar a Casa Militar para monitorar e perseguir adversários”, declarou.
Edilson Silva (PSOL) lembrou que o ex-governador João Lyra Neto, pai da prefeita eleita em Caruaru, Raquel Lyra, já havia denunciado a presença de militares para vigiar a agenda de campanha. O psolista sustentou ainda que o uso de força policial para encerrar um evento cultural realizado no bairro do Torreão (Zona Norte do Recife), no último dia 29, também seria uma represália ao caráter contestador da festa. “O Governo do Estado vem se utilizando diretamente ou indiretamente dos serviços de polícia para causar intimidações de natureza política”, falou.
Teresa Leitão (PT) e Joel da Harpa (PTN) afirmaram que os fatos narrados por Antônio Campos ultrapassam as atribuições da Casa Militar. “A Casa Militar não tem o propósito de espionar nenhum cidadão pernambucano, seja ele deputado, candidato, ou não. Essa denúncia é muito séria e parte de alguém do PSB, que é irmão do ex-governador Eduardo Campos. Então pode estar acontecendo há anos”, disse o deputado. “É uma exorbitância. Não é possível que a gente viva um clima de espionagem”, emendou a petista.
Em nota emitida após a entrevista de Antônio Campos, a Casa Civil negou a acusação, que afirmou ser “completamente improcedente”. “A Casa Militar não se envolve em processos eleitorais. Nem em Olinda nem em nenhum outro município do Estado. O órgão é uma instituição de Estado, respeitada e com uma larga folha de serviços prestados a Pernambuco, justamente por atuar respeitando os limites legais e suas prerrogativas constitucionais”, diz o texto.