Comissão visita serviço de referência às vitimas de microcefalia em Ipojuca

Em 20/04/2016 - 16:04
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Visita técnica da Comissão Especial da Microcefalia, coordenada pela dep. Socorro Pimentel (PSL), ao Serviço Municipal de Referência à Microcefalia (Distrito de N.Sra. do Ó).

MODELO – Colegiado considerou a unidade como exemplar. Foto: João Bita

A Comissão Especial de Acompanhamento aos Casos de Microcefalia verificou nesta quarta (20) como funciona o atendimento às vítimas de microcefalia no município de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco.  O Serviço de Referência à Microcefalia do município, inaugurado há um mês, foi considerado pela presidente da Comissão, deputada Socorro Pimentel (PSL), como um modelo a ser reproduzido no resto do Estado.

O atendimento às crianças em Ipojuca foi centralizado em um espaço no Centro de Reabilitação e Fisioterapia Eduardo José da Costa, no Distrito de Nossa Senhora do Ó. Lá os pequenos pacientes têm o apoio de pediatras, neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, e suas mães tem o auxílio de psicólogos e assistentes sociais do município. O aspecto de assistência social é importante também porque as crianças com diagnóstico confirmado de microcefalia tem direito a receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), programa do Ministério de Desenvolvimento Social para pessoas com deficiência.

É muito importante ter esse centro de reabilitação aqui, porque a gente já cansa muito tendo que ir com o bebê para alguns serviços que só têm na capital, como exames nos olhos e no coração”, explica Márcia Maria José da Silva, mãe de Nicole Valentina, uma bebê de três meses que tem microcefalia. Ela trabalhava como auxiliar de cozinha em uma pousada do município, mas deixou o trabalho para poder se dedicar à filha.

“Com a centralização podemos oferecer um  projeto terapêutico individual para cada bebê, com vários profissionais, abarcando diferentes serviços do muncípio”, ressalta a secretária municipal de Saúde do Município, Cristina Paulino. Também foram realizados serviços de busca ativa, para investigar casos de mães que não chegaram a fazer o pré-natal ou buscaram os serviços de saúde públicos.

O município teve 33 casos suspeitos de microcefalia desde o começo do surto no Estado. Desses casos, 11 crianças tiveram o diagnóstico confirmado e estão em tratamento, seis estão sob investigação e três crianças não resistiram à gravidade da malformação e faleceram. Nos casos restantes a suspeita foi descartada.

“Temos aqui um exemplo exitoso, em que não foi preciso contratar nenhuma pessoa de fora dos quadros da administração municipal para montar um serviço de referência. A Secretaria de Saúde do Estado  poderia apresentar esse modelo para outros municípios do Estado”, frisou Socorro Pimentel. “Apesar de Ipojuca ter mais recursos financeiros do que a maioria dos municípios pernambucanos, a vontade política e o acompanhamento dos gestores municipais é que são a mola-mestra”, lembrou a relatora do colegiado, deputada Simone Santana (PSB).

Simone Santana também adiantou algumas recomendações que serão feitas pela Comissão após os três primeiros meses de trabalho. “Um dos principais gargalos são os exames de tomografia cerebral, que identificam o grau de dano ao sistema nervoso dos bebês. Apenas poucos centros de referência no Estado fazem esses exames”, aponta a deputada. O colegiado também vai verificar o atendimento a crianças com microcefalia em cidades do interior, como Caruaru, Arcoverde e Serra Talhada.