A Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa resolveu se antecipar à chegada do inverno e promoveu audiência pública, ontem pela manhã, para discutir medidas preventivas aos efeitos das chuvas sobre morros e encostas do Grande Recife. Levantamento preliminar feito pelo presidente da Comissão, deputado João Paulo (PT), indica que mais de 50 mil pessoas vivem em áreas de risco iminente de queda ou deslizamentos de barreiras.
“É fundamental um trabalho de fiscalização dessas áreas, além da cobrança de ações de Defesa Civil e financiamento de obras pelos municípios, Estado e, principalmente, Governo federal”, comentou João Paulo. Segundo o parlamentar petista, a Comissão de Defesa da Cidadania pretende reunir a bancada pernambucana no Congresso Nacional e sensibilizá-la a captar mais recursos, via emendas ao Orçamento, para viabilizar a urbanização dos morros da Região Metropolitana do Recife.
Durante o encontro, foram divulgadas experiências de contenção de encostas de cinco dos oito municípios do Grande Recife que convivem com o problema. Com a perspectiva de chuvas intensas entre maio e agosto, a Comissão de Defesa Civil de Camaragibe vai decretar “estado de guerra” e manter plantão nas áreas de risco permanente, onde residem cinco mil dos 35 mil habitantes dos morros da cidade. Reforço na alocação de recursos e no trabalho educativo junto à população, além da unificação de esforços entre as prefeituras, foram prioridades levantadas pelo prefeito de Camaragibe, Paulo Santana (PT).
Dentro de 15 dias, a Prefeitura do Recife deve ativar um sistema de geoprocessamento para monitorar a situação dos 5,5 mil pontos de risco cadastrados, onde vivem cerca de 35 mil pessoas. Em 1998, o Programa Parceria nos Morros realizou 640 intervenções (escadarias, muros de arrimo e canaletas), em regime de mutirão, em 52 das 140 áreas críticas. Como ação emergencial, as encostas estão sendo revestidas com lonas plásticas, enquanto as zonas de alagados receberam R$ 1,4 milhão em recursos para limpeza de galerias e trabalhos de microdrenagem.
O prefeito do Cabo, Elias Gomes (PSB), ressaltou a necessidade de articulação política entre os oito municípios para reforçar a captação de recursos federais para os morros. Já o secretário de Governo de Jaboatão, Marcílio Domingues, adiantou que o plano municipal de Defesa Civil prevê intervenções conjuntas com a comunidade, tendo sido identificadas 49 áreas de risco e mil pontos críticos, ocupados por seis mil dos 130 mil habitantes dos morros. Das 70 mil pessoas residentes nas encostas de Paulista, duas mil encontram-se em 300 pontos críticos. A Prefeitura de Paulista defende a urbanização dos morros como saída para os deslizamentos ocorridos no inverno. (Simone Franco)