Apesar de reconhecer o alcance social dos Projetos de Lei nº 06/99 e 27/99, de autoria dos deputados João Paulo (PT) e Luciana Santos (PC do B), respectivamente, os integrantes da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) não chegaram a um acordo quanto à posição formal do colegiado sobre a matéria. Ficou acertado, entretanto, que a discussão dos benefícios propostos aos desempregados será aprofundada com outros segmentos do Governo do Estado. A seguir, trechos do debate: Romário Dias (PFL) Ponderou que é necessário encontrar uma saída para a situação dos desempregados, mas sem prejudicar as operadoras de serviços públicos. Levantou a dificuldade em aferir a condição de desemprego dos beneficiários da medida. E alertou: “As máquinas continuarão substituindo os homens e, sem planejamento familiar, o problema do desemprego continuará”.
Sebastião Rufino (PFL) Embora reconheça ser necessária uma discussão mais ampla sobre a questão, ressalvou que a definição de saídas passa por decisão do Governo, “já que o Executivo é quem gere as finanças do Estado”. Sugeriu a extensão dos mecanismos adotados pela Compesa para facilitar o pagamento de dívidas a outros órgãos. Além da Ação Social, acredita que representantes de outras secretarias ligadas ao assunto deveriam se posicionar sobre os projetos na Assembléia.
João Paulo (PT) Propôs a convocação do secretário de Planejamento, José Arlindo Soares, para apresentar a posição do Governo do Estado sobre os projetos. Diante do agravamento do quadro social do País, sustentou a importância do desdobramento dessa discussão. “Temos que definir junto ao Governo quem vai bancar essa dívida social”, assinalou.
Luciana Santos (PC do B) Apresentou sua iniciativa como uma tentativa de “resgatar a responsabilidade do Estado pelos setores mais excluídos da população”. Esclareceu que o benefício defendido seria temporário e revelou que projeto de teor semelhante já foi aprovado pela AL do Rio Grande do Sul.
João Negromonte (PMDB) Pelo caráter social do projeto, considerou a demanda justa. Entretanto, ressalvou que sua aprovação poderia criar um “complicador de ordem jurídica”. “Não podemos criar perspectivas de solucionar um problema para o qual não existe saída com este projeto de lei”, afirmou. Propôs a vinda do Procurador Geral do Estado à Assembléia, para dizer se o pleito é legalmente aplicável.
João Braga (PSDB) Louvou a iniciativa dos projetos, mas levantou questionamentos quanto a sua constitucionalidade. Focou a discussão sobre o ônus gerado com a concessão dos benefícios aos desempregados. “Não se pode passar esse ônus para as empresas, devendo os recursos sair da rubrica Ação Social do Estado ou da União”, assinalou, lembrando que a assistência proposta remete à discussão do projeto de renda mínima em tramitação no Congresso.
José Queiroz (PDT) Lamentou que “tanta sensibilidade dos membros da Comissão de Justiça não tenha sido suficiente para encaminhar uma solução para o problema”. Cético quanto à concretização das propostas, considerou que as dificuldades financeiras do Estado podem levar o Governo a adiar uma saída para a dessasistência aos desempregados. Concordou com a posição de João Braga, levando a crer que a origem do problema encontra-se na esfera da União.
Bruno Rodrigues (PPB) Parabenizou a iniciativa dos deputados João Paulo e Luciana Santos, mas teceu comentários à legalidade dos projetos. Invocou o artigo 19 da Constituição Estadual para esclarecer que assuntos tributários são atribuições do Executivo. “Como não encontrei nos projetos a origem dos recursos para custear o benefício, minha posição é contrária”. (S F)