O presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Pernambuco (Ipsep), Maviael Cavalcanti, depôs, ontem, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades que teriam ocorrido naquele órgão, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 1998. Cavalcanti informou que já estão sendo feitas três auditorias naquele Instituto: uma pela Secretaria da Fazenda, outra pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a terceira, por uma equipe de médicos do Ministério da Saúde. “Assumi com o dever de administrar o Ipsep, não para fazer levantamento de contas”, declarou o presidente, lembrando que o governador Jarbas Vasconcelos foi quem determinou à Secretaria da Fazenda a realização de uma auditoria no órgão.
Maviael Cavalcanti revelou ter sido procurado por um diretor da Casa de Saúde Santa Marta (em Timbaúba), José Marlúcio Ferreira Filho. Segundo o presidente do Ipsep, esse diretor confidenciou-o sobre a existência de uma máfia e de um esquema de propina envolvendo pessoas ligadas àquele Instituto. “Não sei se esse cidadão vai confirmar essas informações aqui, mas estou trazendo ao conhecimento da CPI tais revelações porque me sinto na obrigação de fazê-lo”, justificou Cavalcanti.
O presidente do Ipsep afirmou que José Marlúcio o procurou para receber contas médicas atrasadas. “Foi então que eu constatei que, até o mês de junho de 1998, esses valores eram liberados, livremente, pelo Ipsep. Entretanto, a partir daquela época, essas contas foram glosadas (anuladas)”, informou Cavalcanti. A partir de junho daquele ano, a Fundação São Camilo fora contratada para analisar as contas médicas da instituição e continua fazendo o serviço até hoje. José Marlúcio também é dono do Hospital Domingos Sávio, em São Lourenço da Mata. Ele ainda teria dito ao presidente do Ipsep que decidiu se “afastar do negócio”, devido ao risco que corria.
Segundo Maviael Cavalcanti, José Marlúcio teria apontado o nome de um médico e integrante da diretoria do Ipsep (identificado como Marcílio), que “lhe propôs algumas facilidades” para receber o dinheiro da instituição, contanto que repassasse parte da verba para ele. O presidente do Ipsep entregou um extrato de contas da Casa de Saúde Santa Marta aos membros da CPI e também exibiu dados que comprovariam compras superfaturadas de medicamentos e equipamentos hospitalares. Um cronômetro, por exemplo, que custava R$ 70,00, teria sido adquirido por R$ 250,00.
A presidente da CPI, deputada Teresa Duere, considerou o depoimento de Maviael Cavalcanti muito objetivo e esclarecedor. Ela marcou para a próxima quinta-feira os depoimentos de José Marlúcio, do médico Marcílio e dos diretores da Fundação São Camilo. (Cláudia Lucena)