O tema “A Imprensa e a Política: A Democracia Brasileira” também foi debatido por jornalistas participantes do Seminário Nacional “O Político e a Imprensa”.
O editor-geral do Jornal do Commercio, jornalista Ivanildo Sampaio, lembrou o golpe militar de 1964, afirmando o quanto foi maléfico para a Imprensa nacional. “Nos governos militares houve quase que uma relação de promiscuidade entre a Imprensa e os políticos. A grande maioria dos empresários de comunicação cooptou com o regime”, assinalou, recordando a presença de censores nos jornais. “Eu mesmo trabalhei com um capitão na redação”, disse. Sampaio também ressaltou que o Brasil é um dos poucos países no mundo a ter uma lei específica para a Imprensa, herdada da ditadura militar.
O editor-geral do Jornal do Commercio criticou aqueles políticos que fazem interferências junto aos empresários de comunicação, quando são publicadas matérias que contrariam seus interesses. “Em Pernambuco, por exemplo, há políticos do Legislativo e do Executivo que telefonam para os donos de jornais quando ficam insatisfeitos com determinadas reportagens”, observou, admitindo que essas questões terminam “azedando” a relação entre o político e a Imprensa.
Sampaio discordou de Byron Sarinho, afirmando que nem sempre os veículos de comunicação estão atrás de fatos sensacionalistas, que gerem manchetes. “Mas também não é notícia dizer que um político é honesto ou construiu uma escola.
Se assim age, não está fazendo mais do que sua obrigação”, argumentou.
O editor-geral do JC também indagou a Byron Sarinho se ele concordava com a existência da Lei de Imprensa. O interventor respondeu, dizendo não ver necessidade de uma lei específica, embora defenda a criação de dispositivos constitucionais que protejam tanto o cidadão comum quanto o homem público de denúncias não-comprovadas.
O jornalista Duda Amaral, da Rede Globo, considera que as relações entre a Imprensa e a classe política evoluíram muito nos últimos 30 anos. “Mas ainda há um longo caminho a percorrer”, afirmou. Ele também criticou os desentendimentos entre jornalistas e políticos, quando esses têm seus interesses contrariados.
Já o advogado Paulo Azevedo, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Secção Pernambuco) argumentou que a Imprensa pode estar prestando um desserviço ao regime democrático, à medida que dá destaque a políticos como o senador Antônio Carlos Magalhães, que propôs a CPI do Judiciário. (C L)