A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa visitou, ontem, o Hospital do Câncer de Pernambuco, e conheceu de perto as dificuldades financeiras enfrentadas por essa unidade, que é referência no tratamento da doença no Estado. O superintendente da Sociedade Pernambucana de Combate ao Câncer, Eriberto de Queiroz Marques, revelou que o hospital tem uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 2 milhões junto à Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). Ele pediu apoio dos deputados para que sensibilizem as lideranças do Governo do Estado no sentido de negociar o débito. “Não temos condições de pagar, pois isso iria inviabilizar o funcionamento do hospital”, alertou Marques.
Outra grande preocupação do superintendente refere-se à perda de receitas das prefeituras municipais de todo o Estado, em função do descredenciamento delas junto ao Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Pernambuco (Ipsep), desde o mês passado. O descredenciamento está previsto numa lei sancionada, recentemente, pelo Governo federal, que prevê que estados e municípios criem regimes próprios de previdência e de saúde.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Jorge Gomes (PSB), e os parlamentares Garibaldi Gurgel (PSB) que propôs a visita e Eudo Magalhães (PFL) também tomaram conhecimento dos recursos financeiros que a Sociedade Pernambucana de Combate ao Câncer recebe. O Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal fonte, respondendo por 80,6%; o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Pernambuco (Ipsep) corresponde a 2,2%. Da rede particular, entretanto, provém apenas 0,1%.
Eriberto Marques frisou que a verba mensal repassada pelo SUS gira em torno de R$ 490 mil, mas as despesas do Hospital do Câncer chegam a R$ 1 milhão por mês.
“O tratamento oncológico é muito caro e, como não recebemos recursos suficientes, as dívidas, incluindo essa da Celpe, terminaram se acumulando”, explicou o superintendente. A unidade atende, em média, mil pacientes por dia, sendo 68,2% provenientes do Interior do Estado. Marques disse, ainda, que o hospital pretende investir em campanhas de prevenção ao câncer, principalmente nas áreas carentes do Interior.
O deputado Garibaldi Gurgel destacou a importância do hospital para a sociedade pernambucana, sobretudo às comunidades carentes. Além de tratar com o Governo do Estado sobre a rolagem da dívida junto à Celpe, Gurgel apontou como saída a realização de convênios diretos entre o hospital e as prefeituras, uma vez que o funcionalismo público municipal já não pode mais ser atendido via Ipsep. O deputado Jorge Gomes sugeriu que a Comissão marque um encontro com o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Vavá Rufino, para discutir o problema. (Cláudia Lucena)
