Carlos Lapa quer “dia de luto” no 1º de Maio

Em 01/05/1999 - 00:05
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O 1º de Maio não deve ser comemorado pelos trabalhadores brasileiros e, em especial, por aqueles que vivem em situação de miséria na Zona da Mata Norte do Estado. É dessa forma que o primeiro vice-líder do PSB, deputado Carlos Lapa, vê o Dia do Trabalho, comemorado neste sábado. Sentindo-se desmotivado para festejar a data, o parlamentar decidiu, junto com seu grupo político, decretar “dia de luto” e protestar com faixas pretas, denunciando as ações dos Governos federal e estadual contra os trabalhadores.

“O que eles têm a comemorar? Recessão, desemprego, miséria, arrocho salarial, fome, descaso das autoridades? Não há o que comemorar, pois a classe trabalhadora está sofrendo a pior fase de sua existência, vítima de uma seqüência de erros que se repete, ano a ano, porque não se encontrou uma diretriz política capaz de pôr este país no rumo do seu desenvolvimento”, lamentou o parlamentar pessebista, ressaltando, por outro lado, que os “corruptos e sonegadores sempre têm sucesso”.

Sobre o drama enfrentado pelos trabalhadores da Zona da Mata Norte, Carlos Lapa observa que a situação deles é revoltante, vergonhosa e humilhante. O primeiro vice-líder do PSB lembra que, na região, há cinco meses de trabalho e sete de desemprego. “A única alternativa que eles têm é a cesta básica repassada pelo Governo e por algumas prefeituras. São sete meses sem dinheiro. Como e de que forma pode se pagar água, luz, manter os filhos na escola?”, indagou.

Segundo o parlamentar, o problema se agrava, ainda mais, porque os jovens concluem o segundo grau e se vêem sem perspectivas de conseguir um trabalho.

Assim, aumenta a massa de desempregados e desocupados, o que gera um grande mal-estar social. “A região está abandonada pelo descaso das autoridades, não há indústrias e investimentos para o setor”, prosseguiu. Lapa citou, como exemplo, o fechamento de três empresas no município de Carpina, seu reduto eleitoral.

Apartes – O deputado João Paulo, da bancada petista, fez a previsão de que até o final deste ano mais de 10 milhões de brasileiros estarão desempregados, lembrando que os empregados estão há quatro anos sem receber reajuste salarial.

Para José Queiroz, líder do PDT, o desemprego é fruto da falta de políticas sociais do Governo Fernando Henrique Cardoso, principalmente no Nordeste. A líder do PFL, Teresa Duere, destacou que o emprego é um direito de todo cidadão. Segundo Jorge Gomes (PSB), o Legislativo tem demonstrado preocupação com os números do desemprego. Antônio Mariano (PFL) lamentou o descaso dispensado pelo Governo federal aos trabalhadores nordestinos. (Cláudia Lucena)