Bug do milênio é tema debatido no Legislativo

Em 23/04/1999 - 00:04
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Impacto do “bug do milênio” no setor público; política estadual de Informática e corte de 50% no orçamento federal de Ciência e Tecnologia. Nos três pontos revela-se a preocupação do momento da Comissão de Ciências, Tecnologia e Informática, que deverá receber em sua próxima reunião, no dia 29, o presidente da Associação de Empresas de Software e Serviço de Informática (Assespro), Roberto Souto Maior. Professor do Departamento de Informática da UFPE, Souto Maior será convidado a falar da criação de um shopping de informática, reunindo empresas de software e serviços; da proposta de política estadual para o setor; e da parceria com o governo para a formulação de projetos direcionados à Reforma do Estado.

Atenta à ameaça do “bug do milênio” sobre equipamentos e serviços controlados por computador, a Comissão de Ciências e Tecnologia quer atrair a discussão para a esfera pública. Segundo o presidente do colegiado, deputado Garibaldi Gurgel (PSB), o maior foco de atenção dirige-se às prefeituras do interior do Estado, que vêm se informatizando com programas passíveis de alteração. “O ‘bug do milênio’ já está provocando mudanças nos sistemas e a chegada do ano 2000 pode trazer problemas ainda mais graves para a administração pública”, alerta.

Diante dos riscos de perda de dados sobre tempo de serviço e folha de pagamento dos servidores públicos; interrupção no processo de lançamento de tributos e cobrança de débitos inscritos na dívida ativa; e falhas nos sistemas de energia, abastecimento d’água e telefonia, Gurgel estuda a realização de um seminário sobre o assunto, em junho, voltado para prefeitos e gestores públicos do Estado. Enquanto isso, a comissão já encaminhou ofícios à Celpe, Compesa e Telemar, solicitando informações sobre a adoção de medidas preventivas ao “bug do milênio”.

Cortes – A repercussão dos cortes nas verbas federais destinadas à C&T, que caíram de R$ 9,7 milhões para R$ 4,85 milhões este ano, também deve movimentar os trabalhos da comissão. De acordo com Garibaldi Gurgel, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) será duramente afetada em seu papel de disponibilizar o acesso à Internet a todos os órgãos governamentais, universidades e hospitais públicos.

Além de dificultar a manutenção de sua estrutura, operada por pesquisadores-bolsistas, e prejudicar a divulgação da tecnologia brasileira no Exterior, o deputado assinala que a contenção de gastos irá retardar o início da Internet 2 brasileira.

Posteriormente, o colegiado pretende convocar o representante da Secretaria Regional da SBPC, para tratar de denúncias encaminhadas à Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado. Gurgel adiantou que a entidade denunciou que a Facepe, organismo estadual de incentivo à pesquisa científica, não estaria recebendo o repasse constitucional de 1% da receita orçamentária do Estado. (Simone Franco)