O presidente da Comissão de Defesa da Cidadania, deputado João Paulo (PT), alertou para o papel da Polícia Militar em conflitos como o ocorrido no dia 20 passado, envolvendo integrantes dessa corporação e os sem-terra, na frente da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nos Aflitos. “É importante que os policiais enviados para atuar nesses movimentos sejam bem treinados e, inclusive, estejam preparados para ouvir reclamações e até agressões. Afinal, estão lidando com pessoas que vivem jogadas e sem oportunidade, como é o caso desses trabalhadores”, observou o parlamentar. Ele teme que possa haver conflitos ainda mais sérios e que tragam graves prejuízos para a imagem do Estado.
João Paulo propôs o desdobramento dessa audiência pública, com a convocação do superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, a fim de que preste esclarecimentos sobre os inquéritos instaurados para apurar as agressões do último dia 20.
O deputado Romário Dias (PFL), integrante da Comissão de Defesa da Cidadania, apontou para a necessidade de se promover outra audiência, na Comissão de Agricultura, com o objetivo de aprofundar as discussões sobre a política de reforma agrária no Estado. “No Agreste Meridional, 87% dos minifúndios são improdutivos”, revelou o parlamentar pefelista, que já foi presidente do Incra e considera a reforma agrária ainda tímida.
“Só entraremos no Primeiro Mundo quando os nossos trabalhadores do campo tiverem terra e receberem meios para torná-la produtiva”, ressaltou Dias, destacando a importância de que os conflitos entre sem-terra e PMs sejam devidamente esclarecidos e os responsáveis punidos.
Já a deputada Luciana Santos (PC do B) lembrou ao secretário de Defesa Social, general Adalberto Bueno da Cruz, que “a fome é que move a luta dos trabalhadores sem-terra”. Ela repudiou a ação dos policiais-militares no episódio ocorrido na frente da sede do Incra. “Foi uma truculência, houve gente ferida a bala e, até onde sabemos, apenas cinco civis estão sendo processados”, criticou, pedindo, também, apuração da responsabilidade dos PMs. (Cláudia Lucena)