Parlamentares destacam Dia da Consciência Negra Luciana Santos (PC do B) e José Queiroz (PDT) ocuparam ontem a tribuna da Assembléia Legislativa para prestar homenagem ao Dia da Consciência Negra, data da morte de Zumbi dos Palmares.
Luciana condenou a persistência do preconceito de raça, “doença social herdada da mentalidade medieval eurocêntrica, que avilta o conceito que a nação brasileira faz de si própria, compromete o seu desenvolvimento e a nossa afirmação como povo de um país autonônomo e soberano”. Ela lembrou as lutas pela abolição, a necessidade de valorizar a história dos oprimidos, preocupação que marca a Semana da Consciência Negra.
A parlamentar questionou a esterilização de mais de 10 milhões de mulheres negras (desde 1980), “uma tentativa de europeização, de embranquecimento da pele”. De acordo com Luciana Santos, o país convive com uma “brutal” exclusão social, na qual se identifica um componente racista, “pois os negros são as maiores vítimas do desemprego e da pobreza.
Para ela, o negro não foi incorporado à indústria, nem teve terras para plantar. “O racismo foi e é um mecanismo de restrição ao acesso à cidadania, perspectiva das elites que as lutas dos negros enfrentaram com os quilombos, os movimentos em busca de transformações profundas nas relações sociais e de poder”. Neste sentido, Luciana Santos destacou a resistência de Zumbi dos Palmares e a luta dele pela dignidade e integridade dos negros. “É necessário travar uma luta diária, reforçar o movimento negro, combater a violência das elites e do modelo neoliberal imposto ao país, que exclui e discrimina a maioria da nação”, completou.
Nabuco O deputado José Queiroz também registrou a importância do Dia da Consciência Negra, no. Lembrando a figura do abolicionista Joaquim Nabuco, patrono da Casa, o parlamentar ressaltou o compromisso do Legislativo em posicionar-se contra a discriminação racial. “Na luta pelo abolicionismo, o patrono desta Casa sentenciou que não bastava acabar a escravidão, mas erradicar os seus efeitos”, assinalou.
“Os negros foram a base da escravidão do passado e sofrem ainda hoje o estigma da inferiorização racial”, afirmou, destacando que, por discriminação, pessoas da raça negra sofrem dificuldades para inserção nas universidades e no mercado de trabalho.
Por fim, José Queiroz ressaltou que “o país vive em débito por não conseguir banir essa chaga “. E disse que o preceito constitucional é agredido “ao não assegurarmos igualdade de oportunidades para todos os brasileiros e estrangeiros que aqui habitam”. (Nagib Jorge Neto/Ana Lúcia Lins)