CPI apura violência contra índios de PE O deslocamento da CPI da Violência a Pesqueira, 256 kms. da capital, revela a preocupação com o agravamento da situação conflituosa entre índios e fazendeiros, um quadro que pode levar a um enfrentamento perigoso. Com a demarcação de terras pelo governo Federal, em torno de 27.500 hectares, começaram desavenças entre os xucurús, proprietários e posseiros. Desde então houve assassinatos de líderes indígenas, como o Cacique Chicão e o procurador da Funai, Geraldo Rolim, crimes de ampla repercussão. Há duas semanas foi morto o índio Chico Quelé, enquanto o fazendeiro José de Riva, emboscado, levou oito tiros, conseguindo todavia sobreviver. O clima é efetivamente de tensão. Os deputados Pedro Eurico (presidente da CPI), Marcantônio Dourado (relator) e Roberto Liberato), ouviram depoimento das duas partes envolvidas, presentes o juiz da Comarca, Dr. Carlos Damião da Costa Lessa, além de promotoras de Justiça, delegados da SDE que acompanharam a CPI e autoridades municipais.
Geraldo Magela Mota Barros prestou depoimento no fórum de Pesqueira e acusou os xucurús de quererem “quase o município inteiro”. Acentuou ser proprietário de l20 hectares nas terras altas do município, exatamente a área em conflito e essas terras pertencem a família há décadas. Reclamou que os índios chegaram até mesmo a bloquear acesso a propriedade, pelo que ganhou o direito de ir e vir na Justiça. Finalmente foi incisivo quanto a disputas: se a terra for invadida, reagirá e somente sairá se for morto. Magela manifestou no fórum a esperança de que os crimes sejam esclarecidos e a comunidade pesqueirense possa superar o atual clima de guerra existente. O índio Marcos Luidson de Araújo, filho do cacique Chicão, disse que antes da morte do pai dele, foi eliminado Everaldo Bispo, filho do pagé xucurú em 1994. E assegurou que a desconfiança entre índios e fazendeiros foi conseqüência da demarcação de 27 mil hectares nas 23 aldeias onde vivem 8.500 indígenas. Há muita gente que não é índio, cerca de 281 posseiros e fazendeiros, vivendo dentro das terr as demarcadas. Os parlamentares queriam saber de Marcos Luidson de Araújo se tomara conhecimento de uma lista com nomes de índios marcados para morrer, um dos motivos da ida da CPI a Pesqueira. Ele informou apenas ter ouvido falar a respeito.Eurico não esconde apreensão quanto aos fatos e alertou para o perigo da região. (AA)