“Uma grande inteligência à procura de um caráter”. A frase é da ex-deputada Cristina Tavares, porém serviu para que a deputada Teresa Leitão (PT) definisse, ontem, o senador Sérgio Guerra (PSDB). O motivo da provocação foi a postura do senador durante o evento de filiação dos deputados Bruno Rodrigues e Raimundo Pimentel ao ninho tucano, na última quinta-feira, no Plenário da Assembléia. De acordo com a petista, Guerra agiu de forma anti-ética e deselegante ao utilizar-se do momento para atacar o Partido dos Trabalhadores.
“Ao invés de relacionar a folha de serviços prestados dos dois deputados ao Estado, ele preferiu fazer críticas inconsistentes, por não ter discurso político, não saber ser oposição”, alfinetou.
A deputada também acusou o senador de utilizar-se do cargo para cooptar lideranças que não têm acesso aos ministérios. “Ele se aproveita das facilidades para marcar audiência com os ministros devido ao cargo no Senado”, denunciou. Ela ressaltou ainda a postura do líder do Governo, Bruno Araújo, durante o aniversário do PT, na Casa, quando ele disse que o partido se diferenciava dos demais, por ser organicamente constituído. A parlamentar afirmou, também, que “não ligaria para as presepadas” do deputado Pedro Eurico (PSDB), que ignorou a ausência dos deputados petistas no Plenário, na semana passada, devido a uma reunião partidária em Brasília, para questionar a bancada e criticar o Governo Lula. “Ele fez isso num lugar próprio, de debates, apesar de saber que estávamos viajando”, explicou.
Liderança – Utilizando o tempo de liderança, o deputado Antônio Moraes (PSDB) criticou as acusações da deputada Teresa Leitão. Ele classificou como muito infelizes as declarações da parlamentar. “Como a deputada pode falar de cooptação e ética? Ninguém cooptou tanto no País como o ministro da Casa Civil, José Dirceu, que passou o rolo compressor do Governo pressionando o PL e o PDT.
A deputada deveria olhar um pouco para trás. O Governo Lula faz as mesmas práticas dos Governos passados”, apontou. “Sobre as críticas de que o senador Sérgio Guerra utilizaria seu cargo para ser recebido por ministros, quero informar à deputada que essa é uma obrigação. Os ministros têm obrigação de receber os representantes do povo”, concluiu.
Em resposta a Moraes, a deputada Teresa Leitão também utilizou o tempo de liderança de seu partido. Ela destacou que sempre teve um bom relacionamento com o parlamentar, mas não aceitaria intervenções sobre o que poderia ou não dizer. Ela ainda censurou o tucano por ter citado o PL e o PDT como se fossem periferia. “Para nós, esses partidos são aliados e não periferia como o deputado os tratou. Na verdade, o que está incomodando o PSDB é o fato de ter perdido toda a sua bancada federal”, ressaltou.
O deputado Raimundo Pimentel (PSDB) foi à tribuna para enfatizar que seu ingresso no ninho tucano não era fruto de cooptação, mas sim de identidade com o posicionamento social-democrata. “Sempre fui um social-democrata e voltei ao meu partido de origem. Também não há incoerência, pois eu Bruno Rodrigues continuamos onde sempre estivemos, na base de apoio ao Governo Jarbas”, esclareceu. Para evitar constrangimentos, ele sugeriu um pacto de civilidade, onde os parlamentares se comprometeriam a não criticar os companheiros ausentes. Quanto às polêmicas palavras do senador Sérgio Guerra, que assegurou existir em sua legenda os melhores deputados da Casa, Raimundo Pimentel desculpou-se dizendo que o “evento era político partidário e que não havia nos discursos o objetivo de desmerecer ninguém”. Por fim, ele parabenizou os integrantes das diferentes legendas pelo trabalho realizado neste primeiro semestre.