
Instituída oficialmente no fim de 2007, a Data Magna de Pernambuco foi comemorada, ontem, pela segunda vez. A Assembleia Legislativa do Estado promoveu uma reunião solene, no Auditório Antônio José Botelho, localizado no prédio da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), para lembrar os mártires da Revolução de 1817.
O dia 6 de março foi escolhido por marcar o início do movimento pernambucano que, por aproximadamente dois meses, enfrentou a opressão da Coroa Portuguesa e fez com que o Estado vivesse uma fase de liberdade de pensamento, de imprensa e de tolerância religiosa, com Constituição e bandeira próprias. A iniciativa recebeu o combate impiedoso do Governo de Portugal, mas o espírito libertário dos revolucionários permaneceu no sangue do povo e serviu de impulso para a Proclamação da Independência do Brasil, em 1822.
Representantes da Igreja Católica e da Maçonaria, duas instituições não- governamentais que contribuíram com o movimento pernambucano de 1817, receberam, do Parlamento Estadual, a Medalha do Mérito Democrático e Popular Frei Caneca. As comendas foram entregues ao bispo da Diocese de Palmares e secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil II (CNBB), dom Genival Saraiva de França, e ao grão-mestre geral adjunto do Grande Oriente do Brasil, Cláudio Roque Buono Ferreira, representando o soberano grão-mestre geral, Marcos José da Silva.
O presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PDT), ressaltou que Pernambuco era um dos poucos Estados que não tinham Data Magna e que as comemorações consolidam a homenagem no calendário oficial. “Saudamos dois pilares da Revolução de 1817, a Igreja Católica e a Maçonaria, que preservaram o nosso território e lutaram contra as invasões, desempenhando papéis fundamentais na busca pela liberdade”, afirmou.
Para a autora dos projetos de lei que instituíram a Data Magna e a Medalha Frei Caneca, deputada Terezinha Nunes (PSDB), nada mais justo que homenagear as duas instituições das quais fizeram parte os grandes heróis da Revolução Pernambucana de 1817. “Sem a Igreja Católica e a Maçonaria, a mobilização não teria existido e o grito de liberdade teria sido abafado”, observou.
A parlamentar citou alguns mártires que participaram do movimento, como Cruz Cabugá, Padre Roma, Vigário Tenório, Domingos Martins e a primeira presa política do País, a cearense Bárbara Alencar. Frei Caneca ainda liderou, em 1824, a Confederação do Equador, quando foi executado por arcabuzamento, já que os carrascos se recusaram a enforcá-lo. Dom Genival Saraiva de França agradeceu a homenagem. “Esse ato fala por si, ao considerar a história da Igreja”, comentou o religioso. Em seguida, o Coral Vozes de Pernambuco entoou Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Cláudio Roque Buono Ferreira destacou que, “em Pernambuco, começou a identidade brasileira e a Maçonaria no Brasil”.
História – A Data Magna, a mais importante de Pernambuco, foi instituída em 2007, por meio da Lei n° 13.386, depois de receber a maioria dos votos da população, que fez a escolha a partir da análise de outros quatro momentos históricos do Estado.
O intuito é evocar o passado guerreiro dos heróis pernambucanos, como Frei Caneca e Domingos José Martins. No primeiro ano de comemoração, receberam a Medalha Frei Caneca representantes do Rio Grande do Norte e da Paraíba, dois Estados que aderiram à Revolução de 1817. Wilma Faria e Cássio Cunha Lima, respectivamente, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.