Deputado Manoel Santos é velado no Museu Palácio Joaquim Nabuco

Em 21/04/2015 - 00:04
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Primeiro deputado pernambucano eleito pelo segmento dos trabalhadores rurais, Manoel Santos (PT) faleceu no último domingo (19), aos 63 anos. O parlamentar estava em tratamento contra um câncer de esôfago, desde o ano passado. O corpo do petista, que deverá ser cremado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, foi velado no Plenário do Museu Palácio Joaquim Nabuco. Uma missa, celebrada na sede do Poder Legislativo, está prevista para encerrar as últimas homenagens a Santos. Parlamentares, representantes do Governo Estadual e trabalhadores do campo participarão da cerimônia.

As cinzas do parlamentar serão levadas para Serra Talhada, Sertão do Pajeú, sua terra natal. O petista, que fazia tratamento no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, deixou esposa e quatro filhos. Eleito deputado estadual pela primeira vez em 2010, com 42.347 votos, Manoel Santos estava no exercício do segundo mandato na Assembleia.

Para o presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), Manoel sempre teve a característica de fazer política de forma serena e equilibrada. “O PT ficou com dois valorosos deputados que vão buscar preencher esta lacuna, o que não vai ser fácil”, salientou.

O governador Paulo Câmara ressaltou que Manoel Santos sempre procurou ajudar as pessoas que mais precisam. “Pernambuco perde um grande quadro, um deputado atuante, uma pessoa que dedicou a sua vida aos trabalhadores”, frisou.

A trajetória política de Manoel Santos sempre esteve ligada ao campo. Filho de integrantes do Movimento Sem-Terra, nasceu em Serra Talhada, Sertão do Pajeú, onde começou a trabalhar como agricultor aos seis anos de idade. Na década de 1970, ingressou no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada, exercendo a função de tesoureiro e, em seguida, assumindo a presidência do grupo (1981).

Em 1993, ocupou o cargo de secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), tendo exercido a presidência de 1993 a 1998. Pela ligação com a entidade, o corpo de Santos também foi velado por algumas horas na sede da Fetape, na tarde de ontem.

Já no ano de 1998, o petista foi eleito para atuar à frente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Permaneceu no cargo de presidente até 2009. Além disso, Manoel Santos também foi o primeiro secretário rural da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dirigente-fundador do PT em Pernambuco.

O seu ingresso no Poder Legislativo teve forte simbolismo para os trabalhadores rurais, que vieram de várias regiões do Estado acompanhar a cerimônia de posse.

Em seu primeiro pronunciamento no Plenário, defendeu a interiorização do desenvolvimento e mais investimentos para a agricultura familiar.

Nas eleições de 2014, Manoel Santos renovou o mandato com 55.310 votos. No início desta Legislatura, foi eleito líder da bancada do Partido dos Trabalhadores no Parlamento Estadual e vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural.

Depoimentos “Manoel interagia com todos os deputados da Casa e foi um defensor intransigente da classe trabalhadora e do homem do campo, além de representar muito bem a sua região.” Presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PDT) “Pernambuco perde um homem íntegro, que sempre trabalhou em favor das causas populares, que fez muito para defender seus ideais.” Governador Paulo Câmara “Manoel trouxe para a Assenbleia o debate da política agrícola, a perspectiva dos pequenos agricultores, o que enriqueceu a formulação de políticas públicas.

Fica para nós o desafio de honrar o seu mandato.” Deputada Teresa Leitão(PT) “Meu filho foi um grande guerreiro. Eu o eduquei e ele me educou. Também me ensinou lições sobre a vida, sobre os movimentos sociais e sobre Deus.” Maria Rosa dos Santos, mãe de Manoel Santos