A Alepe promoveu uma reunião solene, nesta segunda (5), em homenagem aos 200 anos de imigração alemã no Brasil. Autoridades diplomáticas e representantes do Ministério das Relações Exteriores e do Governo de Pernambuco compareceram à cerimônia. Também como parte das comemorações, a Casa realizou a abertura, no hall superior do Edifício Governador Miguel Arraes, da exposição itinerante “Jornada para o Brasil: história das migrações de povos de língua alemã”. A exibição, realizada pelo Instituto Martius-Staden, com o apoio do Consulado Geral da Alemanha no Recife, fica em cartaz até o próximo dia 9.
A iniciativa de comemorar a data histórica na Alepe partiu do presidente da Comissão de Assuntos Internacionais, deputado Lula Cabral (Solidariedade). No discurso de abertura do evento, o parlamentar destacou que os falantes da língua alemã compõem o quinto grupo de imigrantes mais presentes na história de Pernambuco. “É uma relação transcultural que fortalece nossa economia, enriquece a nossa educação, e faz parte do tecido de nossa identidade social. Além disso, a Alemanha é hoje um dos maiores investidores diretos no Brasil, e Pernambuco tem muito a ganhar com a expansão dessa parceria”, salientou.
O cônsul-geral da Alemanha no Recife, Johannes Bloos, agradeceu a homenagem e lembrou que o consulado atua no Recife há mais de 150 anos. “Os alemães fazem de Pernambuco seu lar há bastante tempo”, disse. Bloos também registrou que um dos alemães mais importantes para a história do Brasil teve um forte vínculo com Pernambuco: o conde João Maurício de Nassau-Siegen, governador do Brasil-holandês entre 1637 e 1644. Parafraseando o escritor austríaco Stefan Zweig, autor de “Brasil, País do Futuro”, o cônsul-geral finalizou que “é imperativo acrescentar que o Nordeste tem o que é preciso para tornar o Brasil a terra do amanhã”.
A cerimônia em homenagem ao bicentenário da imigração alemã contou, ainda, com a participação da soprano Yane Ramalho e do pianista Jetro Rodrigues, do Conservatório Pernambucano de Música, apresentando peças de compositores germânicos. O Coral Vozes de Pernambuco, formado por servidores da Alepe, completou o momento musical com ritmos tradicionais de Pernambuco.
Colônias
A povoação alemã no território brasileiro começou oficialmente em 25 de julho de 1824, com a chegada de 39 imigrantes ao município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, considerado o berço da colonização alemã no país. O fluxo migratório ocorreu por estímulo do governo imperial, que cedeu lotes de terras para a instalação das primeiras colônias da Região Sul.
Porém, antes desse marco histórico, os falantes de língua alemã já viviam no Brasil, mais precisamente no sul da Bahia, onde em 1818 foi estabelecida a Colônia Leopoldina. Mas as povoações agrícolas não prosperaram em razão de fatores como o clima e o interesse na instalação de colônias no Sul do país.
Em 1828, imigrantes alemães aportaram em Pernambuco, onde depois estabeleceram a Colônia Santa Amélia, no Recife. A partir de 1839, artífices vindos de Hamburgo, cidade ao norte da Alemanha, contribuíram para a modernização da capital pernambucana. Esses e outros relatos sobre a trajetória alemã no Brasil podem ser conferidos na exposição “Jornada para o Brasil: história das migrações de povos de língua alemã”, sediada pela Alepe.