A defesa do papel das associações de pacientes no acesso aos medicamentos derivados da maconha foi o foco da primeira mesa de debates da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial em Pernambuco. O encontro foi realizado nesta segunda (18) e reuniu representantes de associações de todo o Estado.

PEDIDO – Associações não podem ficar de fora da regulamentação da cannabis medicinal, defende Fabrina Santos. Foto: Rebeca Alves
Eles defenderam o avanço da regulamentação dos remédios produzidos a partir da planta para que possam ser fornecidos pelo SUS, mas pediram para ser incluídos na legislação que for criada. O temor é que as regras atendam apenas os interesses da indústria farmacêutica.
É o que destaca Fabrina Santos, diretora da Associação Canábica Medicinal de Pernambuco (Cannape). “A gente ensina a plantar e cultivar cannabis, correndo atrás do jurídico e fazendo extensões de projetos dentro dos órgãos de saúde e de segurança pública. A gente faz todo esse trabalho educativo e não pode ficar para trás”, argumenta.
“Hoje, o paciente que depende do SUS está para trás. Apesar de termos leis estaduais, a União ainda não contempla a cannabis, por falta de regulamentação”, exemplifica Fabrina.
As associações também esperam o apoio do Poder Público para trabalhar com mais segurança jurídica e para ampliar a atuação. Segundo a presidente da Associação Aliança Medicinal, Hélida Lacerda, mesmo o óleo de produção local, bem mais barato do que as medicações de farmácia com importação autorizada pela Anvisa, ainda tem um valor inatingível para muitos pacientes.

GRATUIDADE – Para Hélida Lacerda, SUS deveria custear acesso ao óleo de cannabis de produção local. Foto: Rebeca Alves
“A parcela de pessoas que chegam todos os dias pedindo para fornecer gratuitamente o óleo é bem considerável. Mas chega um ponto que a gente não consegue mais, a gente não pode fazer tudo sozinho. É aí que o SUS tem que entrar”, avalia Hélida.
Coordenador da Frente, o deputado João Paulo (PT) lamentou que o SUS precise recorrer aos remédios importados para cumprir decisões judiciais, ao invés de usar a produção nacional.
“A produção local é muito mais eficiente, com muito mais qualidade e com muito mais controle. A medicação importada, vem toda lacrada, não se tem um controle para averiguar se tem a mesma qualidade que a nossa”,
A próxima reunião da Frente está prevista para o dia 22 de abril, com participação da Anvisa e de parlamentares federais.

DEFESA – Para o deputado João Paulo, produção local de cannabis tem mais qualidade do que o produto importado. Foto: Rebeca Alves