Ex-deputado estadual Deminha é velado na Alepe

Em 29/12/2023 - 18:12
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VELÓRIO – Ex-parlamentar recebeu homenagens no hall Edifício Miguel Arraes. Foto: Giovanni Costa

O ex-deputado estadual Waldemar Alberto Borges Rodrigues Filho, conhecido como Deminha, faleceu e foi velado nesta sexta (29) na Alepe. O sepultamento ocorreu no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Deminha era pai do deputado estadual Waldemar Borges (PSB). Ele deixa a esposa Lucia Borges Rodrigues, outros três filhos e sete netos.

Por meio da assessoria, o deputado se pronunciou sobre o falecimento. “É um momento de muita dor e tristeza, mas também de agradecimento. Quero agradecer o privilégio, muito grande privilégio, de ter contado com um pai cuja vida foi um testemunho de decência, correção, generosidade e coerência. Valores que ele transmitiu, sobretudo, através de atitudes – algumas tomadas em momentos muito difíceis. Os ensinamentos repassados através dos inúmeros exemplos que deixou continuarão sempre a inspirar nossos passos”, afirmou o socialista.

Pronunciamento

O presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), divulgou nota lamentando o falecimento de Deminha. “Deminha, como era chamado, construiu uma reconhecida história de luta pela democracia e direitos humanos, mantendo-se coerente às suas convicções até o fim. Deixou um legado de generosidade, sem abrir mão da firmeza na defesa da justiça social. Em nome da Assembleia, expressamos nossa solidariedade ao colega deputado estadual Waldemar Borges, seu filho, à viúva Lucia Borges Rodrigues e aos demais familiares e amigos. Que Deus conforte a todos neste momento de dor e saudade”, diz o texto.

Nas redes sociais, outras autoridades se pronunciaram a respeito do falecimento do ex-deputado. A governadora Raquel Lyra prestou solidariedade a Waldemar Borges e à família. O prefeito do Recife, João Campos, classificou o falecimento como “grande perda”. A senadora Teresa Leitão lamentou a morte e lembrou a trajetória de Deminha durante a Ditadura Militar.

MANDATO – Deminha era pai de Waldemar Borges e foi reempossado simbolicamente em 2012. Foto: Arquivo Alepe

Trajetória 

Deminha foi eleito deputado em 1966 pelo MDB, e teve o mandato cassado na Ditadura Militar por meio do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968. Nasceu no Recife em 1930 e deu os primeiros passos na política com o movimento estudantil. 

Em 1962 foi nomeado para a Superintendência Para a Reforma Agrária (Supra). Em 1964, a pedido do então governador de Pernambuco Miguel Arraes, participou da articulação junto aos camponeses para resistir ao golpe militar e entrou para a clandestinidade. 

O mandato de Deminha foi cassado junto com outros 15 parlamentares da Alepe, que ficou fechada por mais de um ano. Depois da cassação, ele foi obrigado a fugir para o Paraguai, onde viveu por seis anos. Trabalhou para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), tendo também vivido por dez anos em Washington, capital dos Estados Unidos da América. Retornou ao Brasil em 1987, convidado por Arraes para chefiar o Prorural. Também passou pela Secretaria de Agricultura, pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS) e pelo Promata.

Em 20 de junho de 2012, a Alepe empossou simbolicamente Deminha e outros deputados que tiveram seus mandatos cassados pela Ditadura Militar de 1964. Em 2015, ele relatou as experiências sofridas no regime autoritário à Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara.