A Comissão em Defesa dos Profissionais da Enfermagem e a Comissão de Saúde da Alepe devem cobrar um cronograma para as obras de reestruturação do Hospital Getúlio Vargas (HGV) e do Hospital da Restauração (HR), ambos no Recife. Este foi o principal encaminhamento da audiência pública realizada nesta terça (26) pelos dois colegiados, com o objetivo de buscar soluções para os problemas de infraestrutura e superlotação enfrentados pelos dois estabelecimentos.
No decorrer de 2022, houve diversos casos de desabamento de forro no Hospital da Restauração. A esses episódios se somaram a aparição de rachaduras no Hospital Getúlio Vargas, registrada em julho deste ano. Além disso, pacientes e profissionais que trabalham nos dois hospitais relatam superlotação, escassez de medicamentos e suprimentos hospitalares e falta de assistência para acompanhantes.

CONDIÇÕES – Thaíse Torres denunciou a superlotação das unidades hospitalares. Foto: Nando Chiappetta
“Nós temos a superlotação no atendimento, principalmente na unidade de trauma do Hospital da Restauração, e na emergência do Getúlio Vargas. Além disso, temos áreas de repouso insalubres e falta de insumos e medicamentos. A gente vê uma insegurança muito grande na atuação dos profissionais de saúde”, avalia Thaíse Torres, vice-presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE).
Na audiência, Thaíse registrou que o Coren-PE interditou eticamente o exercício da enfermagem no HGV em 2019 e no HR em 2022, medidas que foram anuladas, posteriormente, pela Justiça. Ela relatou também presença de roedores e insetos no refeitório e em locais de repouso dos enfermeiros.
Além do Coren-PE, estiveram presentes representantes do Sindicato dos Enfermeiros (Seepe), e dos técnicos e assistentes de enfermagem (Satenpe), e Conselho Estadual de Saúde (CES), que reforçaram a cobrança por melhorias nos dois estabelecimentos.
Respostas
Representantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) responderam a cobranças por reforma das duas unidades feitas por parlamentares e convidados na audiência. Segundo Bárbara Florêncio, secretária executiva de Gestão Estratégica e Coordenação Geral da SES, a reforma das duas unidades “é a prioridade do Governo desde o primeiro dia de trabalho”.

COBRANÇA – Bárbara Florêncio afirmou que a reforma dos hospitais é prioridade do Governo. Foto: Nando Chiappetta
A secretária executiva apontou, no entanto, as dificuldades para levar em frente a reestruturação das unidades. “Fizemos um levantamento, iniciado por esses hospitais, mas que envolveu toda a Rede Estadual de Saúde. É uma parte burocrática que demanda um certo trabalho, visto que a atual gestão não tinha sequer a planta baixa nesses hospitais”, apontou Bárbara.
Segundo Bárbara Florêncio, o trabalho de levantamento já foi finalizado no caso do HR, e o projeto de reforma do edifício já está sendo finalizado. No caso do HGV, ainda está sendo finalizado o período de levantamento, com a escuta dos funcionários e pacientes do Hospital. “É um processo logístico complexo de ser realizado, porque os hospitais não podem ser fechados para que as obras venham a ser realizadas”, apontou.
A Secretaria de Saúde também descartou a possibilidade de desabamento no Hospital Getúlio Vargas, apesar das rachaduras e da utilização de escoras. “A nossa diretoria de Infraestrutura atesta que não há esse risco, que também é atestado pela Defesa Civil e pelo CREA, que fazem vistorias mensais no prédio”, informou Bárbara Florêncio.
Também estiveram na reunião o diretor do Hospital da Restauração, Petrus Moura de Andrade Lima, e a do Getúlio Vargas, Thais Almeida, assim como o diretor de Infraestrutura da Secretaria, Breno Beltrão.
Parlamentares
Segundo o deputado Gilmar Júnior (PV), presidente da Comissão Especial em Defesa dos Profissionais da Enfermagem, todas as falas registradas na audiência serão transformadas em um relatório a ser apresentado ao Governo do Estado. Além disso, acolhendo solicitação de Sileno Guedes (PSB), será solicitado um cronograma de atividades para reestruturação dos hospitais.

DOCUMENTO – Gilmar Júnior anunciou a elaboração de um relatório para apresentar ao Governo. Foto: Nando Chiappetta
Dani Portela (PSOL) ressaltou que os problemas dos hospitais “não é recente, mas um processo de sucateamento”, e lembrou que, a partir do ano que vem, 50% das emendas parlamentares terão que ser destinados à área de Saúde, o que pode acrescentar recursos para a reforma desses hospitais.
Ela, junto com Rosa Amorim (PT), João Paulo (PT) e Luciano Duque (Solidariedade), defendeu a descentralização e a interiorização no atendimento de alta complexidade em Pernambuco, com a estruturação de hospitais no interior. Além disso, os parlamentares também pediram a agilização do pagamento do piso para os profissionais da enfermagem, ainda não efetuado pelo Governo Estadual.