Evento aborda segurança e requalificação do Centro do Recife

Em 21/06/2023 - 17:06
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DETERIORAÇÃO – Joel da Harpa solicitou audiência após observar lojas fechadas e ruas desertas. Foto: Paulo André

Lojistas e proprietários de estabelecimentos comerciais discutiram com representantes do poder público, nesta quarta (21), medidas para prevenir e combater a violência na região central do Recife. O debate ocorreu durante reunião promovida pela Comissão de Segurança Pública da Alepe. Entre os temas abordados na audiência pública, estiveram a necessidade de requalificação de espaços públicos, a ocupação de prédios abandonados e a assistência à população em situação de rua.

O encontro foi proposto ao colegiado pelo deputado Joel da Harpa (PL), após solicitação da Associação dos Lojistas do Centro do Recife (Alcere). O parlamentar disse ter visitado a região com representantes da entidade e constatado problemas como lojas fechadas, prédios deteriorados, ruas desertas e sem iluminação e falta de policiamento. Ao relatar os assaltos e furtos, que geram sensação de insegurança, ele ressaltou o potencial turístico da região.

Presidente da Alcere, Patrícia Nascimento lamentou os casos de furtos e arrombamentos  contra estabelecimentos comerciais. “Estamos perdendo patrimônio e o público migrando para shoppings, não sabemos mais o que fazer. As praças estão cheias de trombadinhas. Temos os custos das seguranças eletrônica e privada, mas não tem adiantado”, desabafou. 

DESABAFO – “Estamos perdendo patrimônio e o público migrando para shoppings, não sabemos mais o que fazer”, desabafou Patrícia Nascimento. Foto: Paulo André

Diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), Paulo Monteiro elencou a diversidade, os preços, além da beleza da arquitetura e do patrimônio histórico, como atrativos do comércio no Centro. Ele propôs o apoio do poder público para projetos imobiliários na região, melhorias na iluminação e projetos para abertura de postos de trabalho. “O comércio do Centro do Recife é um grande gerador de empregos”, prosseguiu.

Medidas de Segurança

Coordenador das promotorias criminais do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Antônio Arroxelas citou experiências exitosas na redução da violência de cidades como Medellín, na Colômbia, e Nova York, nos Estados Unidos. Ele acentuou o papel das ações dos poderes municipais adotadas nessas localidades. “É preciso investir no Centro com urbanismo e cuidando dos miseráveis que estão nas ruas. Senão, não teremos solução”, observou. 

PREFEITURA – O promotor Antônio Arroxelas acentuou o papel do município na segurança pública do Centro. Foto: Paulo André

Titular da 1ª Delegacia Seccional de Polícia de Santo Amaro, a delegada Bárbara Fort argumentou que o vício em drogas é a principal motivação dos roubos na região. Ela defendeu políticas para atendimento aos usuários de entorpecentes, mas, também, rigor maior da Justiça contra os criminosos reincidentes.

Já o comandante do 16º BPM, tenente coronel Hugo Alexandre da Silva, elencou ações da unidade para efetuar prisões e apreensões de drogas, mercadorias roubadas e armas brancas. Responsável pela Gerência Operacional da Guarda Municipal do Recife, o inspetor Willames Viana abordou o papel da corporação na preservação do patrimônio público e nos parques e praças do Centro.

O lojista e pastor Ezequias Bezerra, por sua vez, sustentou que o Centro do Recife está sendo “destruído em nome de uma visão social”. E afirmou que o fechamento de lojas, indo na contramão de uma possível melhoria econômica, agrava ainda mais os problemas. Para “evitar que uma cracolândia se estabeleça no Centro do Recife”, ele defendeu a desocupação dos prédios abandonados e o fim da assistência à população em situação de rua.

Encaminhamentos

ATUAÇÃO POLICIAL – A delegada Barbara Fort defendeu atendimento aos usuários de entorpecentes, mas também rigor contra reincidentes. Foto: Paulo André

Ao final do encontro, Joel da Harpa propôs a criação de um grupo de trabalho para dialogar com a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado. Também sugeriu a desocupação de prédios abandonados por meio de uma ação coordenada do poder público e realização de uma “operação social e de repressão” direcionada à população em situação de rua. “O braço forte não pode deixar de agir diante do avanço da criminalidade”, sustentou.

“Vamos criar uma comissão com os lojistas, para buscar soluções através do Poder Executivo, tanto estadual como municipal, além do Ministério Público e do Tribunal de Justiça”, prosseguiu o deputado do PL. Além dele, participaram dos encontros o deputado João Paulo (PT), que defendeu políticas de desenvolvimento com inclusão social, e João Paulo Costa (PCdoB), que cobrou do Governo do Estado a apresentação de um programa para a segurança pública.