
CRÍTICA – “Instituição financeira está se aproveitando da pandemia para demitir.” Foto: Reprodução/Roberta Guimarães
O Santander Brasil já afastou 363 empregados neste ano e planeja extinguir 20% dos postos de trabalho, deixando nove mil brasileiros sem emprego. A informação partiu do deputado João Paulo (PCdoB), que externou preocupação com o fato na Reunião Plenária desta terça (30). “A instituição financeira está se aproveitando da pandemia para demitir, descumprindo o acordo feito com os sindicatos de que não iria fazer demissões nesse período”, ressaltou.
O parlamentar informou que, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT), as demissões no banco começaram na primeira semana de junho. “Os bancários também reclamam que as metas foram aumentadas durante esta crise sanitária e que, caso não sejam cumpridas, há ameaça de dispensa do funcionário”, afirmou.
João Paulo lembrou que as instituições financeiras sempre foram as empresas que obtiveram maior lucro no Brasil e, neste ano, receberam um aporte de R$ 1,2 trilhão do Governo Federal. “A justificativa da ajuda foi para que as operações com os clientes não fossem afetadas. Ainda assim, o Santander alega a crise econômica para extinguir os postos de trabalho”, frisou. Ele alertou para o fato de os bancos “colocarem os lucros sempre na frente” e agirem diferentemente de empresas socialmente responsáveis que, mesmo com retração econômica, não se desfazem de seus quadros.
João Paulo concluiu o discurso fazendo um apelo à Mesa Diretora no sentido de que a Alepe reveja o contrato com o Santander para administrar a folha de pagamento dos servidores da Casa. “Acredito que devemos nos posicionar contra essa postura insensível do banco”, frisou.
Em apartes, alguns deputados comentaram o assunto. Para Antonio Fernando (PSC), a iniciativa do Santander é um reflexo da realidade. “O banco deve rever seu posicionamento. É inaceitável essa falta de compromisso. É hora de união e de defender as pessoas”, pontuou. “A Alepe teria dificuldade de romper o contrato com o Santander porque foi fruto de uma licitação, mas a Casa poderia se unir com o Estado e tentar sensibilizar a instituição”, argumentou José Queiroz (PDT). “O banco deve estar prevendo a queda nos lucros em razão da redução da taxa Selic e da inflação e, por isso, está enxugando o quadro”, avaliou Tony Gel (MDB).