João Paulo critica liberação de agrotóxicos e alerta para riscos à saúde

Em 18/12/2019 - 18:12
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ALIMENTO - “Brasileiros estão sendo envenenados de maneira negligente e irresponsável.” Foto: Roberto Soares

ALIMENTO – “Brasileiros estão sendo envenenados de maneira negligente e irresponsável.” Foto: Roberto Soares

O deputado João Paulo (PCdoB) fez um alerta, na Reunião Plenária desta quarta (18), sobre as liberações do uso de agrotóxicos feitas pelo Governo Federal. Ele apontou efeitos nocivos dos produtos para a saúde humana e defendeu alternativas mais ecológicas e socialmente justas, como a agroecologia e a agricultura familiar. “Brasileiros estão sendo envenenados de maneira negligente e irresponsável”, disse, sublinhando que a maioria das substâncias é proibida em outros países.

De acordo com o comunista, o Governo Bolsonaro liberou, em junho, 42 novos tipos de agrotóxicos, elevando a lista de produtos permitidos, naquele momento, para 239. Em julho, conforme lembrou João Paulo, outros 51 obtiveram registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 17 dos quais são extremamente tóxicos à saúde humana, um é altamente tóxico, 28 são medianamente tóxicos e 5 pouco tóxicos. Em relação aos riscos ao meio ambiente, 17 são considerados muito perigosos e 28, perigosos.

João Paulo registrou que resíduos de carbofurano e terbufós – substâncias usadas na produção do veneno para ratos “chumbinho” – foram encontrados em amostras de alimentos analisadas pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos ( Para) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Conforme repercutiu, especialistas apontam que o brasileiro está sendo contaminado. Ele informou, ainda, que depressão crônica, problemas cardíacos, doenças renais e câncer são algumas doenças associadas ao consumo de agrotóxicos.

O deputado do PCdoB avalia que, por trás da liberação dos agrotóxicos, está a lógica centrada no agronegócio, no latifúndio, na comida tratada como commodity e na priorização das transnacionais do setor. “O agronegócio é tratado como salvação da lavoura, quando, na verdade, é uma ameaça à saúde e ao meio ambiente. Está na hora de debater a importância da agroecologia como alternativa saudável para o planeta, e o crescimento da agricultura familiar, orgânica e sem uso de defensivos agrícolas”, pontuou.

Segundo estudo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Pernambuco lidera a lista de práticas agroecológicas no País, acrescentou João Paulo. Das 1.011 iniciativas de uso racional dos recursos naturais na produção, 160 são desenvolvidas no Estado. “São ações que diferem da agricultura convencional em vários pontos. Além de não utilizar veneno ou produtos químicos para o controle de pragas, não usam sementes transgênicas. Infelizmente, o Governo Bolsonaro move-se na direção do agronegócio sem atentar para a gravidade dos agrotóxicos e sem qualquer demonstração de apreço por opções ecológicas e socialmente justas.”