
AUTORIA – Proposição foi do deputado Isaltino Nascimento, que presenteou integrantes do grupo com esculturas de madeira representando cada um deles. Foto: Jarbas Araújo
O aniversário de 30 anos da banda Devotos foi celebrado, nesta quarta (28), em Reunião Solene na Assembleia Legislativa. O grupo de punk, rock e hardcore é composto por Cannibal (baixo e voz), Neilton (guitarra) e Celo (bateria). A iniciativa da homenagem partiu do deputado Isaltino Nascimento (PSB), que também é da comunidade do Alto José do Pinho, bairro da Zona Norte do Recife, onde o conjunto surgiu.
A trajetória e as composições do trio estão intrinsecamente ligadas ao local de onde os músicos vieram. A convivência com um cenário de pobreza e tensão social tornou-se matéria-prima para músicas que denunciam a realidade dos que vivem à margem de uma sociedade excludente. Ainda muito jovens, os integrantes aprenderam a compor e a tocar por conta própria, fabricando parte dos instrumentos que usavam. A mensagem da Devotos ultrapassou as fronteiras nacionais e encontrou eco em públicos distantes: França, Alemanha, Espanha e Itália foram alguns dos países por onde a banda se apresentou.
“Eles souberam não apenas criar seu próprio estilo, mas também conquistar fãs de vários outros Estados, que reconhecem, nas letras, a autenticidade de quem descreve o que conhece tão bem”, pontuou o deputado Tony Gel (MDB), que presidiu a cerimônia. O parlamentar destacou que o grupo se propõe a fazer mais do que música: atua como agente de transformação social e recusa os estereótipos normalmente associados aos que não têm acesso a condições favoráveis de vida.
“São 30 anos da banda e precisamos reconhecer o trabalho que eles fazem, tanto artisticamente quanto socialmente, no Alto José do Pinho. Ao longo dos anos, acompanhei a evolução do grupo, e eles sempre foram inspiração para a juventude da nossa comunidade. Para mim, é um orgulho poder fazer esta homenagem”, enfatizou Isaltino, que presenteou os integrantes da Devotos com esculturas de madeira representando cada um deles, feitas pelo artista plástico Josa.

TRABALHO – Grupo do Alto José do Pinho fez apresentação musical. Foto: Jarbas Araújo
Após receber uma placa comemorativa da Alepe, o cantor Cannibal fez discurso de agradecimento. “Esse reconhecimento foi uma surpresa para a banda, mas também muito gratificante. A história da Devotos vai além da música. É de transformação social porque somos militantes e queremos levar para outras comunidades o que fazemos no Alto José do Pinho. Acredito que a cultura é capaz de modificar uma realidade”, frisou. “Fomos a primeira banda da comunidade a rodar o mundo e a mostrar a multiculturalidade do bairro”, expôs.
Durante a solenidade, o conjunto tocou algumas músicas de seu repertório. Há cerca de um ano, a Devotos lançou o sétimo álbum da carreira, intitulado O Fim que Nunca Acaba. O disco tem participações do Maestro Forró, que conduz o grupo para uma espécie de “frevo-jazz-hardcore”, e de Maciel Salú que, com sua rabeca, leva o som da Devotos até o Oriente Médio.