A situação dos povos indígenas, no Brasil e em Pernambuco, é tema do Programa Em Discussão desta semana. O assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), José Carajá, falou sobre as violências sofridas por essas populações ao longo da história do País e apontou as ameaças do cenário atual.
O entrevistado explicou o surgimento do Cimi, órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “Foi criado há 47 anos, quando a Igreja resolve tomar uma nova postura com relação aos povos ancestrais da América Latina, fazer uma mea culpa pelo mal que havia causado a eles com a chamada ‘evangelização’”, afirma. “Daí passa-se a estabelecer um diálogo religioso entre o cristianismo ocidental e as religiões ancestrais do Brasil”.
Sobre as recentes alterações promovidas pelo Governo Federal nas atribuições da Fundação Nacional do Índio (Funai), Carajá disse ter chamado a atenção dele “a rapidez como isso se deu”. “Essa mudança era esperada porque foi anunciada ainda nas eleições, quando o candidato à Presidência, que depois foi eleito, dizia que, durante o governo dele, não haveria ‘mais um centímetro de terra’ para os povos indígenas”, observou. “No primeiro dia do mandato, foi assinado o decreto com a nova estrutura administrativa. E antes disso, no período de transição, a Funai já estava sendo ‘empurrada’ de um canto para o outro.”
O representante do Cimi também comentou a participação dos povos indígenas das eleições de 2018. “Os índios estão bastante apreensivos. Durante a campanha, eles fizeram várias mobilizações, principalmente a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que indicou uma candidata a vice-presidente”, relatou. “Outros índios se candidataram em vários Estados, inclusive a Joenia Wapichana (REDE-RR) foi eleita deputada federal. É a primeira vez que uma mulher indígena consegue isso. Só havíamos tido um deputado federal indígena, nos anos 1980, o [Mário] Juruna.”
Assista a entrevista na íntegra: