Odacy Amorim protesta contra ordem judicial que força saída de agricultores de área irrigada em Petrolina

Em 26/02/2018 - 19:02
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Reunião Plenária

DENÚNCIA – Para deputado, está em andamento um “massacre de pobres e necessitados, que querem apenas a possibilidade de produzir”. Foto: Roberto Soares

Decisão da Justiça para que seja cortado o fornecimento de água e de energia no Projeto Pontal – perímetro irrigável da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) – foi alvo de pronunciamento do deputado Odacy Amorim (PT) na Reunião Plenária desta segunda (26). Parte da área de oito mil hectares às margens do rio, em Petrolina, Sertão do São Francisco, é ocupada por famílias desapropriadas de seus lotes em 2013 para a implantação do projeto.

O parlamentar lembrou que já houve duas tentativas de concluir a obra de irrigação no modelo de Parceria Público-Privada (PPP), ambas mal-sucedidas por incapacidade de investimento das empresas vencedoras das licitações. Os agricultores, então, voltaram à região e passaram a produzir culturas de subsistência no local. Com sucessivas ordens judiciais contrárias à ocupação, as famílias podem agora ser obrigadas a deixar a área.

Odacy Amorim disse que está em andamento um “massacre de pobres e necessitados, que querem apenas a possibilidade de produzir”. O petista fez alerta ao senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que integra a base de apoio do Governo Federal no Congresso Nacional. “Senador, vá olhar as pessoas que estão sendo expulsas, uma gente em cujas casas já passamos, falando que tivessem esperança e sonhos, mas que hoje vive um pesadelo.”

Outro ponto que mereceu críticas do deputado são as terras oferecidas aos agricultores, como alternativa à ocupação, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Querem mandar as famílias para uma área de 50 hectares, de sequeiro (terreno seco). Espero que a juíza possa visitar esse local que a Codevasf e o Incra prometeram”, queixou-se, lembrando que a situação já ensejou ocupações às sedes de órgãos públicos em Petrolina.

“Por que não se compra uma área na margem do Rio São Francisco? Por que a terra irrigada pode ficar com um único empresário, mas não pode ficar com os agricultores? Por que os mais pobres só têm direito às terras secas?”, questionou Amorim. “Essa concepção de sociedade escraviza e marginaliza os que têm menos, e está levando as pessoas ao desespero.”