
FRENTE PARLAMENTAR – Coordenadora do grupo, deputada Terezinha Nunes ouviu integrantes de entidades em defesa do segmento. Foto: Roberto Soares
Cegos, surdos, pessoas com mobilidade reduzida e com deficiência intelectual relataram na Assembleia Legislativa as principais dificuldades enfrentadas para ingressar no mercado de trabalho. Eles foram ouvidos na manhã desta terça (31), em reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência.
De acordo com a coordenadora do grupo, deputada Terezinha Nunes (PSDB), é preciso identificar os obstáculos ouvindo representantes do segmento. “Quisemos trazer as pessoas com deficiência que trabalham ou já trabalharam, para elas próprias mostrarem, sobretudo ao Ministério do Trabalho (que estava presente ao encontro) e às demais entidades as dificuldades que enfrentam”, observou.
Servidor da Alepe, o assessor parlamentar Iramar Junior é cadeirante. Ele disse que o preconceito começa antes mesmo da análise das qualificações e do currículo do candidato. “A pessoa com deficiência é considerada incapaz. Pode ter mestrado concluído e, quando chega a uma empresa, colocam ela para trabalhar como porteiro”, exemplificou.
O vice-presidente da Associação de Surdos de Pernambuco, Jean Nascimento, comunicou-se com a reportagem por meio de uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ele afirmou que se sente inferiorizado no ambiente de trabalho em relação aos colegas ouvintes. “Algumas pessoas achavam que, por eu ser surdo, tudo tinha que ser diferente. Não tinha igualdade, mas superioridade entre os ouvintes. Mas eu sabia que era capaz”, ressaltou.
Uma das questões debatidas no encontro foi a dificuldade de incluir no mundo corporativo aqueles que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), um salário mínimo mensal para pessoas de baixa renda com deficiência.
O presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antônio Muniz, é deficiente visual. Ele citou gastos extras para o exercício das funções. “No caso de uma pessoa cega, se a empresa não oferece os softwares apropriados de acessibilidade, ela vai ter que arcar com esse custo”, exemplificou.
A próxima reunião da frente parlamentar será realizada no município de Ouricuri, no Sertão do Araripe, no dia 10 de novembro.