
DESPEDIDA – Percussionista pernambucano faleceu na manhã desta quarta (9). Velório foi prestigiado por diversos músicos e autoridades do Estado. Foto: Rinaldo Marques
O Museu Palácio Joaquim Nabuco, sede do Poder Legislativo estadual e espaço considerado “a casa de todos os pernambucanos”, foi o local eleito para serem prestadas as últimas homenagens a um dos mais talentosos filhos desta terra: o percussionista Naná Vasconcelos. O músico lutava contra um câncer de pulmão há cerca de oito meses e morreu na manhã desta quarta (9), no Recife, aos 71 anos, em função de uma parada respiratória. Seu velório, que ocorreu durante toda a tarde, e será reaberto ao público nesta quinta (10), das 8h às 10h, foi acompanhado por familiares, artistas, fãs e autoridades.
Quem já foi ao local se despedir do músico pôde assistir a apresentações culturais, como as do Maracatu Nação Porto Rico e da Orquestra Criança Cidadã, além de artistas locais, entoando diferentes composições do percussionista. Dezenas de coroas de flores e o estandarte do tradicional bloco de carnaval do Recife, o Galo da Madrugada, foram espalhados pelo Plenário. Ao centro, o caixão do músico era coberto pelas bandeiras de Pernambuco e do Santa Cruz Futebol Clube, paixões declaradas de Naná.

REVERÊNCIA – Grupos de maracatu se apresentaram em frente ao Palácio. Foto: Roberto Soares (Veja mais fotos)
O presidente da Assembleia, deputado Guilherme Uchoa (PDT), cumprimentou a família do músico e recepcionou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, bem como o prefeito do Recife, Geraldo Julio. “Naná, que levou o nome do nosso Estado para o exterior, deixará exemplos e uma saudade muito forte. Talvez, a lacuna criada com sua ausência seja impreenchível”, alegou.
“Pernambuco acordou hoje mais triste com a perda de Naná, esse artista que levou nossa cultura para o mundo. Ele vai fazer muita falta, mas ficamos com um legado que, com certeza, será acompanhado por muitas gerações”, afirmou o governador. “Ao final, fica o ensinamento e toda essa gente que toca as músicas e admira Naná. Sua arte, talento e cultura ficam para marcar a história da nossa cidade e a história do Brasil”, acrescentou Geraldo Julio.
“Naná vivia e respirava música. Todo momento que falava sobre isso, sentia-se melhor. A perda é material, mas a música dele vai ficar”, declarou a viúva, Patrícia Vasconcelos. Ela estava acompanhada, dentre outros familiares, da filha mais nova do casal, Luz Morena, de 16 anos. A filha mais velha, Jasmin Azul, de 21 anos, mora nos Estados Unidos e a família não soube informar se ela conseguirá chegar a tempo para o enterro. Ele está marcado para as 10h, no Cemitério de Santo Amaro.
TRAJETÓRIA – Juvenal de Holanda Vasconcelos se notabilizou na década de 1960 pelo talento com o berimbau. Ao longo da carreira, recebeu oito Grammys, mais prestigioso prêmio da indústria da música mundial, além de ter sido eleito o melhor percussionista do mundo pela revista Down Beat, publicação norte-americana especializada em jazz, entre 1983 e 1990.
Naná comandou a abertura do Carnaval do Recife por 15 anos. Sua carreira inclui ainda o lançamento de três discos com o grupo Jazz Codona, gravações com B.B. King, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Marisa Monte e Mundo Livre S/A, além de participações em alguns dos mais importantes festivais de música do mundo e trilhas sonoras para filmes nacionais e internacionais.