
Servidores e pacientes do Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, localizado na Tamarineira, Zona Norte do Recife, receberam ontem apoio importante da Comissão de Saúde e Assistência Social da Alepe, na luta contra o fechamento da unidade. O serviço está sendo desativado para dar espaço à construção de um centro comercial.
“O projeto é inviável”, argumentou o presidente da Comissão, deputado Clodoaldo Magalhães (PTB). O próximo passo será marcar uma audiência com a Arquidiocese de Olinda e Recife, que administra a Santa Casa de Misericórdia, responsável por alugar o terreno à empresa carioca Realesis por um período de 50 anos. “É preciso encontrar uma saída jurídica. Irei até o fim para anular o contrato”, acrescentou o petebista.
Além do Ulysses Pernambucano, funcionam na área o Hospital Infantil Helena Moura e o Centro de Prevenção e Tratamento de Alcoolismo (CPTA). O primeiro é mantido pelo Estado e os dois últimos, pela Prefeitura do Recife. Mensalmente, cerca de 1,8 mil pacientes são atendidos pelo Ulysses Pernambuco, única emergência psiquiátrica do Estado. A unidade também funciona como hospital-escola, dispondo de Residência em Psiquiatria e Psicologia. Ao todo, 160 leitos rotativos na instituição e 350 funcionários.
Os deputados Raimundo Pimentel (PSB) e Miriam Lacerda (DEM) ressaltaram a importância da entidade e demonstraram preocupação quanto ao destino dos pacientes, uma vez que não existe qualquer projeto alternativo de atendimento.
“Não se sabe o que será feito com os familiares e pacientes”, observou Miriam.
Pimentel também chamou a atenção para o foco dado ao debate. “A questão ambiental e a ocupação do solo não podem sobrepor-se à situação dos usuários do hospital”, ponderou o socialista.
O papel do Ulysses na regulação de todo o sistema no Estado e os serviços prestados pelo hospital infantil e pelo CPTA foram considerados pelo representante da Secretaria Municipal de Saúde do Recife, Tiago Feitosa, como “essenciais”. Segundo a representante da Secretaria Estadual de Saúde, Marcela Lucena, o Ulysses é um importante complexo psiquiátrico, responsável por todo o encaminhamento dos pacientes ao Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) e à rede privada.
Representado a Santa Casa de Misericórdia, Fernando Costa disse que existe uma preocupação com a re-locação dos pacientes e com a preservação do meio ambiente, entretanto, ainda não existe um projeto final. “Estamos apresentando apenas as premissas básicas”, esclareceu. Além do shopping center, existe a intenção de implantar um parque temático e transformar o prédio da unidade psiquiátrica em museu.
O debate foi valioso para a diretora do hospital, Benvinda Magalhães. “É importante esclarecer a complexidade do Ulysses Pernambuco, inclusive no que diz respeito ao suporte à saúde mental. O fechamento vai comprometer várias frentes de serviços prestados à sociedade”, alertou Benvinda.
Plenário – À tarde, Raimundo Pimentel reafirmou a preocupação da Comissão com os pacientes. “Em nenhum momento foi discutido o destino deles pela empresa”, lamentou.