
Dando continuidade à valorização das produções locais do Estado, o Poder Legislativo promulgou as Leis nº 13.606/08 e nº 13.723/09, considerando a cachaça e a ciranda Patrimônios Culturais e Imateriais de Pernambuco, respectivamente. Os Projetos de Lei nº 575/08 e nº 744/08, de autoria do deputado Clodoaldo Magalhães (PTB), fundamentaram a iniciativa. Já o Projeto de Lei nº 690/08, do mesmo autor, originou a Lei nº 13.650/08, transformando o Festival de Música e Arte de Garanhuns (Femuarte) em Patrimônio Turístico e Cultural do Povo Pernambucano.
A ciranda é uma dança típica das praias pernambucanas, sobretudo, das localizadas no Litoral Norte. O ritmo, que embala rodas de dança e tem na artista Lia de Itamaracá o ícone do gênero no Estado, surgiu simultaneamente no Litoral e na Zona da Mata Norte. No início, as apresentações restringiam-se aos locais populares de beira de praia, aos terrenos de bodega e às esquinas de rua.
O ganzá, o bombo e o caixa formam o instrumental básico de uma ciranda tradicional. Às vezes, ainda são acrescentados a cuíca, o pandeiro, a sanfona e algum instrumento de sopro. As músicas cantadas pelo mestre podem ser composições próprias, improvisações ou canções comerciais transformadas em ritmo de ciranda. Os passos da dança variam com a própria dinâmica da manifestação e não são definitivos. Os três mais conhecidos são a onda, o sacudidinho e o machucadinho. “A ciranda é uma manifestação comunitária, sem preconceito quanto ao sexo, à cor, à idade, à condição social ou econômica dos participantes. Pelo que representa para a nossa história, nada mais justo que prestar a homenagem a esse brinquedo popular autêntico”, salientou Magalhães.
Outra produção local homenageada pelo Legislativo é a cachaça, que, conforme Regulamento Técnico do Decreto nº 4.851, de 2003, “é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume.” Marcas pernambucanas como Souza Leão, Serrote, Pitú, Pinga Nordestina e Triumpho são apreciadas em diversos bares e restaurantes americanos e europeus. Popularmente conhecida como “água que passarinho não bebe”, a iguaria é apontada como um dos mais potentes produtos de varejo da economia mundial.
A França, por exemplo, chegou a importar, em 2005, da Destilaria Sibéria – localizada no município do Cabo de Santo Agostinho – dez mil litros para a região de Conhaque. Naquele mesmo ano, Pernambuco sediou o II Salão Internacional da Cachaça, que reuniu cerca de 20 mil pessoas e contou com a participação de empresários de diversos países. Importante para o setor sucralcooleiro do Estado, a aguardente de cana está em 10º lugar no ranking das exportações brasileiras e é a terceira maior indústria de bebidas destiladas do mundo.
O Estado abriga o Museu da Cachaça, no município de Lagoa do Carro, na Mata Norte, que tem o maior acervo do mundo. São 8.012 garrafas, sendo 1.388 só de marcas pernambucanas. Segundo o deputado Clodoaldo Magalhães, “o título de Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco é um reconhecimento à iguaria que representa a história, a economia e a culinária locais”.
Considerada uma das mais fortes expressões culturais, a música atua como agente de difusão e transformação social. Para homenagear iniciativas que estimulam novos talentos, o Festival de Música e Arte de Garanhuns (Femuarte) tornou-se Patrimônio Turístico e Cultural do Povo Pernambucano. “O Festival está no calendário turístico nacional devido à grandiosidade. Focado principalmente na Música Popular Brasileira, o evento abrange todos os gêneros musicais, revelando talentos e letras inéditas de compositores e intérpretes locais e regionais para o Brasil”, observou o deputado petebista.