Novas investigações deverão ser feitas para apurar o assassinato das jovens Maria Eduarda e Tarsila Gusmão, encontradas mortas num canavial em Camela, distrito de Ipojuca, no dia 13 de maio. Elas teriam ido passar um final de semana numa casa de praia, em Serrambi. Ontem, a Comissão de Defesa da Cidadania da Alepe e integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal (CDH) realizaram uma audiência pública e ouviram 11 pessoas, entre familiares e profissionais envolvidos na apuração do caso.
O presidente da Comissão de Cidadania, deputado Roberto Leandro (PT), declarou que “o colegiado não pretende substituir a polícia, mas que novas ouvidas e diligências precisam ser feitas para esclarecer o crime.” O parlamentar acrescentou que uma nova audiência pública será agendada para colher outros depoimentos, inclusive os dos kombeiros supostamente acusados pelo crime, os irmãos Marcelo José de Lira e Valfrido Lira Silva; e o estudante Tiago Carneiro, proprietário da casa em Serrambi.
“Temos encontrado falhas no inquérito. A testemunha chave disse que viu as garotas em um orelhão, quebrou-se o sigilo telefônico, mas as supostas ligações não foram detectadas. O inquérito está incompleto e, por isso, vamos levar os autos para que técnicos da CDH avaliem”, disse o integrante da CDH e autor da solicitação de audiência pública, deputado federal Eduardo Campos (PSB).
Contradições – O chefe de Polícia Civil, Aníbal Moura, reafirmou o resultado do inquérito policial. “Não temos dúvidas de que os kombeiros são os autores do crime. Se alguém tem dúvida sobre as investigações feitas, que se pronuncie.
Muitas versões foram levantadas, mas não há fatos novos.” Moura, juntamente com o delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE) José Silvestre e peritos do Instituto de Criminalista, rebateu a versão de que documentos expedidos pela polícia já falavam em homicídio, no dia 8 de maio, ou seja, cinco dias antes de os corpos terem sido encontrados.
“Assumi a investigação do caso no dia 8, mas, até o dia 13, quando as jovens foram encontradas, não havia recebido a portaria formalizando minha função.
Solicitei que o documento fosse expedido, e ele chegou às minhas mãos com data retroativa. Quanto à presença da palavra homicídio na portaria, justifica-se, pois, no dia 13, quando o documento foi redigido, já se sabia do assassinato,” declarou Silvestre.
A perita Leila Gouveia admitiu que os exames solicitados não resultaram em provas suficientes para incriminar os kombeiros, mas sugeriu a formação de um grupo técnico para analisar os possíveis resultados que uma exumação poderá trazer.
O também perito Antônio Neto disse que não recolheu amostras do solo onde os corpos foram deixados por ter comprovado, através do olfato, “a presença fétida de sangue”. Ele acrescentou que, num segundo momento, amostras do terreno foram coletadas, mas nenhum exame sobre o material foi solicitado. Os parlamentares contestaram, dizendo que o procedimento seria importante para detectar há quanto tempo as vítimas estavam no local e, até mesmo, que substâncias teriam sido ingeridas pelas jovens, uma vez que o terreno absorveu o líquido dos corpos em decomposição.
O pai de Tarsila, José Vieira de Melo, disse estar “convicto da culpa dos kombeiros.” Já a mãe de Maria Eduarda, Maria Regina Lacerda, solicitou novas investigações.