Comissão investiga morte de pacientes renais em Caruaru

Em 23/07/2003 - 00:07
-A A+

Mais uma vez a morte de pacientes renais no município de Caruaru volta a ser discutida na Alepe. Os integrantes da Comissão de Saúde da Casa, presidida pelo deputado Sebastião Oliveira Júnior (PFL), estiveram na Câmara de Vereadores de Caruaru, na última segunda-feira, para ouvir os principais envolvidos nas mortes de sete pacientes, ocorridas entre os dias 15 de junho e 15 de julho deste ano. A possibilidade da causa das mortes ter sido a contaminação da água, como ocorreu em 1996, ou problema nos equipamentos foi praticamente descartada.

A dúvida é se houve ou não negligência médica. A suspeita foi levantada pelo presidente da Associação dos Pacientes Renais de Pernambuco (Asparpe), Carlos Queiroga.

Durante a audiência pública, da qual participaram os deputados Roberto Liberato (PFL), Isaltino Nascimento (PT) e Alf (sem partido), além do presidente da comissão, foram ouvidos o dono da Clínica de Hemodiálise de Caruaru, Antônio Peixoto, o diretor da Vigilância Sanitária, Jaime Brito, o médico Moacir Coutinho Neto, que faz parte da comissão designada pela Secretaria de Saúde para analisar o caso, o promotor da comarca de Caruaru, Zadir Barbosa, o delegado responsável pelas investigações, Ernande Francisco da Silva, e o presidente regional do Cremepe, Rodolfo Santiago.

Segundo as declarações de Moacir Coutinho e de Jaime Brito, durante a inspeção da clínica, não foram encontrados índicios de que houvesse contaminação na água ou problema nas máquinas. Segundo eles, as análises da água eram feitas seguindo as regras de segurança. Já nos prontuários dos pacientes, constava que eles estavam em condições físicas de ter alta médica. A possibilidade de que tenha havido negligência médica foi levantada por Queiroga. “Como é possível que um dos pacientes tenha morrido por anemia grave? Por que os médicos não cuidaram dessa anemia logo no início? E por que mandaram essa pessoa pra casa se ela apresentava esse quadro? Não acredito que houve problema com a água ou com as máquinas, mas, sim, negligência médica”, declarou.

O diretor da clínica, Antônio Peixoto, disse que tanto médicos quanto o próprio hospital foram avaliados recentemente e obtiveram uma média de 90% de aprovação pelos pacientes. Além disso, o diretor colocou a clínica à disposição dos deputados a fim de que seja realizada uma visita para constatar se há descaso no atendimento aos pacientes. De acordo com Sebastião Oliveira, a visita será realizada logo após o recesso parlamentar, em agosto.

O promotor de Caruaru, Zadir Barbosa, questionou o fato dos envolvidos na tragédia de 1996 não terem sido punidos. “Até hoje, ninguém foi responsabilizado”, lembrou. Ao final, Sebastião Oliveira disse que vai aguardar o resultado da exumação dos corpos, solicitada pelo delegado, para que o caso possa ser esclarecido. “Só depois disso poderemos saber se houve ou não negligência”, concluiu.