O insuficiente número de médicos para atender a população de Palmares e a morte de três pacientes – duas mulheres e um recém-nascido – serão denunciadas pela Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa à Secretaria de Saúde do Estado.
Anteontem, os deputados João Fernando Coutinho (PSB), Raimundo Pimentel (PSDB), Soldado Moisés (PL) e Alf (PDT) visitaram a Policlínica do município, na Mata Sul, e verificaram que, apesar de um investimento de R$ 7 milhões, a unidade continua apresentando problemas.
O comerciante Lamartine Carlos de Oliveira contou aos parlamentares as dificuldades que sua esposa, Deise Cássia, enfrentou para dar à luz. “Fizemos todo o pré-natal e ela foi internada com contrações no último dia 17 de junho.
Por volta das 7 horas do dia seguinte, a bolsa estourou, mas só foram retirar a criança do ventre onze horas depois. Duas auxiliares de enfermagem fizeram o parto normal porque o médico Frederico Souza se recusou a atender. Meu filho morreu um dia depois, vítima de infecção generalizada e problemas respiratórios”, lamentou. O problema, que foi denunciado na tribuna da Assembléia Legislativa por João Fernando, motivou a inspeção do hospital.
Outro caso chocou os deputados. Duas pacientes submetidas a partos cesarianos, no último dia 17, sofreram parada respiratória e, em seguida, morte cerebral.
Ao final da visita, a comissão foi surpreendida por um tumulto no setor de atendimento do hospital. Mães, “que aguardavam há várias horas”, reclamavam a ausência do pediatra. O clínico Antônio Xavier, que estava de plantão, também se recusou a atender os pacientes, alegando que seu salário era baixo – cerca de R$ 500 – e que aquela não era sua função.
“Questionamos a grande quantidade de médicos no hospital (74), mas que não atende à demanda”, declarou João Fernando. “A idéia é que, a partir desse diagnóstico, possamos propor soluções para melhorar os recursos humanos do hospital, principalmente, na área de obstetrícia, que é uma dificuldade específica”, enfatizou o vice-presidente da comissão, Raimundo Pimentel.
Atendimento – A diretora da unidade de saúde, Maria Cláudia Lins, declarou que abriu sindicância para apurar as três mortes e que o anestesista, responsável pelas cesarianas, já teria sido afastado de suas funções. “Não sabemos se houve problemas com a anestesia raquidiana. O lote foi apreendido e remetido para Jaime Brito (diretor da Vigilância Sanitária), porém continuamos usando o mesmo medicamento”, afirmou.
Quanto ao falecimento do bebê, a diretora informou que o obstetra estava realizando dois partos simultâneos e que o parecer da equipe foi enviado à Secretaria de Saúde para dar início às investigações. Não há prazo definido para concluir as sindicâncias, que serão acompanhadas pelo deputado Soldado Moisés. A Policlínica de Palmares é referência para 22 municípios de Pernambuco e Alagoas.