O deputado Ranilson Ramos (PSB) registrou ontem, na Assembléia, a decisão da Companhia Ferroviária do Nordeste de retomar o projeto da Ferrovia Transnordestina, bem como a participação do Governo do Estado na execução das obras, mantendo o compromisso da gestão passada, com a alocação de recursos para a construção da ferrovia.
Ranilson Ramos ressaltou que, no mês de maio, a CFN vai iniciar as obras da primeira etapa da ferrovia, ligando Salgueiro ao Recife, e que o Governo do Estado pretende agregar ao projeto original a Ferrovia do Gesso, um ramal que permitirá a integração com o pólo gesseiro do Araripe, medida que favorece a redução de custos, a competitividade e o soerguimento da economia da região.
O parlamentar socialista lembrou que a Transnordestina está prevista há 150 anos, quando os ingleses Edward e Alfred Mornay fizeram o projeto de construção de uma estrada de ferro ligando Salgueiro ao Recife. Mas as interrupções se sucederam, a partir de 1853, e depois integrou dez planos nacionais de viação, sem avanços na sua execução.
Em 1958 lembrou o deputado o trecho Serra Talhada-Salgueiro chegou a ser construído pelo Governo federal, mas o projeto foi abandonado em seguida por falta de verbas. Em 1991, a Transnordestina mais uma vez foi retomada, recebendo investimentos de R$ 8 milhões, mas sofreu nova paralisação por falta de recursos.
Depois de assegurar que a Transnordestina é uma obra de fundamental importância para a região, o deputado Ranilson Ramos esclareceu que o transporte ferroviário representa apenas 4% do mercado global do Nordeste, estimado em 40 milhões de toneladas por ano, e que o prejuízo do País, com o predomínio das rodovias, é da ordem de 3% do Produto Interno Bruto.
Nessa ordem de idéias, demonstrou que os gastos com transporte são imensos no Brasil, pois 62% das cargas são distribuídas por via rodoviária, 21% pelo sistema aquaviário e 12% pelo ferroviário, enquanto nos países capitalistas o transporte ferroviário tem um percentual de 73%, o aquaviário 11%, o rodoviário apenas 7% e outras modalidades, 16%.
Ranilson Ramos demonstrou ainda que no Nordeste o transporte ferroviário participa com apenas 4% (exclui minério de ferro da ex-CVRD) e outras modalidades, 5%, fato que demonstra a urgência de estruturar a malha ferroviária nordestina. Através da Transnordestina, eixo principal da malha, será possível assegurar um sistema multimodal, articulando ferrovias, rodovias, hidrovias e portos, reduzir custos e aumentar a competitividade.
Com base nessa análise, Ranilson Ramos admitiu que a Ferrovia Transnordestina garantirá o atendimento das demandas do mercado nordestino, ajudará na consolidação do pólo de gipsita, da fruticultura no Vale do São Francisco e da indústria de grãos, de sorte que sua concretização exige o esforço conjunto de prefeituras, do Governo federal, da iniciativa privada e de toda a sociedade.
(Nagib Jorge Neto)