Apesar de todos os avanços conseguidos, as mulheres ainda estão mal representadas nos centros de poder político, social e econômico: apenas 7% no Congresso Nacional; 11,5% nas Câmaras Municipais do País; 5% de prefeitas – média nacional -; e nenhuma ministra. A constatação é da ex-deputada federal Marta Suplicy (PT-SP), ao proferir palestra sobre “A Mulher e a Política” na Assembléia Legislativa de Pernambuco.

Para ela, as mulheres continuam ausentes do primeiro escalão da política. Ao mesmo tempo, Marta disse que não basta chegar ao poder, é preciso mudar o jeito de fazer política. “Não penso que, ao lutarmos por eqüidade no acesso a cargos decisórios, estamos brigando apenas para chegar lá e fazer as coisas do mesmo modo que muitos fazem. Se só mudar de mãos o poder, mas não mudar o gênero, o tipo de poder, não se mudará o mundo”, ressaltou.

A ex-deputada paulista lembrou que o Nordeste foi pioneiro na abertura de espaços políticos às mulheres: Celina Viana, primeira eleitora inscrita (antes mesmo de ter o direito de votar); Alzira Soriano, primeira prefeita do Brasil (RN); Adalgisa Cavalcanti, primeira deputada (PE). Sem contar que a região detém o maior número de mulheres eleitas para o Legislativo e o Executivo municipais.

Para Marta, não é problema que muitas dessas mulheres tenham entrado para a política movidas pelo estímulo familiar, pois o mesmo acontece com os homens.

“O que não se aceita mais, hoje, é que, num momento em que é possível a opção pela autonomia, as mulheres políticas sigam o velho modelo patriarcal, machista, autoritário de governar”, frisou.

Marta Suplicy aposta que o próximo século será das mulheres. Para ela, a diferente visão de mundo dará ao sexo feminino condições de mudar o Brasil. “No momento em que o País parte para uma postura de submissão aos organismos financeiros internacionais, faz diferença ter alguém nos governos que tenha esse olhar feminino sobre a realidade”, acrescentou.

Os debates foram mediados pelo 4º secretário da AL, deputado Henrique Queiroz (PPB). Ele afirmou que era uma honra para o Legislativo estadual receber a ex-deputada, ressaltando seu trabalho pelo reconhecimento dos direitos das mulheres no País. A vereadora do Recife Luciana Azevedo (PSDB), a professora Ivânia de Barros e os jornalistas Paulo Fernandes e Terezinha Nunes, secretária estadual de Imprensa, participaram como debatedores. (Marconi Glauco)