Mais de 300 anos após a elevação da Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento, a Santa Sé concede outro privilégio ao município de Olinda: o Mosteiro passou à categoria de Basílica. Segundo rememorou, ontem, o deputado Hélio Urquisa (PMDB), em 1540 foi instituída a Paróquia de São Salvador do Mundo, sediada na atual Igreja da Sé, e cuja área se estendia até o Estado de Minas Gerais. Em 1676, estava criado o Bispado e Olinda passava de “mui querida Villa”, como dizia o fundador Duarte Coelho, para a condição de cidade, requisito necessário para instalação de uma Diocese.
“Agora, passados três séculos, Olinda orgulha-se de receber esta terceira distinção: ter uma Basílica, a chamada Igreja do Papa, pois lá será reservado um espaço especial a ser ocupado somente pelo Sumo Pontífice, quando de uma visita dele à cidade. E apenas na Basílica ele celebrará a santa missa”, explicou Urquisa.
Na opinião do deputado, a decisão da Santa Sé revela o quanto a Igreja do Mosteiro de São Bento representa dentro da cultura religiosa da cidade e, mais ainda, reconhece o trabalho ali realizado durante quatro séculos pelos beneditinos. “Eles aqui chegaram em 1586, por iniciativa do terceiro donatário Jorge de Albuquerque Coelho, e logo depois adquiriram a área do Varadouro, onde começaram a construir o Mosteiro”, observou Urquisa. “Sempre foram participantes ativos nos negócios públicos e nas causas políticas, já participando, através do abade Anselmo da Trindade, do movimento libertário que culminou com a expulsão dos holandeses invasores”.
Realçando ações dos beneditinos desde que aportaram em Olinda, o deputado citou a proteção dada por eles aos perseguidos pela Inquisição. No campo da educação criaram, em 1827, o Curso Jurídico de Olinda, e, na primeira metade do Século XIX, o curso de Agronomia e Veterinária. Também fundaram em 1954 o Colégio São Bento de Olinda. “Durante os tempos da ditadura militar deram abrigo a perseguidos políticos e posicionaram-se contra o regime de exceção. Estão enraizados na história olindense e no povo da cidade. Sua Igreja, agora Basílica, é motivo de orgulho e os sinos do seu carrilhão dobrarão mais festivamente, anunciando um merecido novo tempo para a comunidade”, ressaltou Urquisa.
Em aparte ao pronunciamento de Hélio Urquisa, o deputado Gilberto Marques Paulo (PFL) elogiou a homenagem do parlamentar ao Mosteiro de São Bento, em Olinda, por sua elevação a Basílica, afirmando que este fato deixava também o Recife muito orgulhoso, uma vez que as duas cidades vizinhas são, na verdade, indissociáveis.
Já o líder do PSB, deputado Pedro Eurico, também em aparte a Urquisa, lembrou o papel político dos beneditinos do Mosteiro de Olinda durante a ditadura militar, quando os perseguidos pelo regime foram protegidos no claustro pelos monges. “Sabe-se agora o quanto a democracia brasileira deve aos beneditinos”, concluiu. (Antônio Azevedo)
