Gomes condena processo que tenta privatizar a Chesf

Em 07/04/1999 - 00:04
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O deputado Jorge Gomes (PSB) alertou, ontem, que o processo que poderá levar à privatização da Chesf faz parte “do desmonte do Estado brasileiro, promovido pelo neoliberalismo, e é fruto da arrogância do poder de Brasília”. O parlamentar afirma que a soberania do País está comprometida com o modelo de privatização implantado ainda no Governo Collor, “e que está tendo continuidade com FHC”.

De acordo com Jorge Gomes, o processo de privatização compromete o futuro de 25% dos brasileiros, resultando na internacionalização de mais de 20% da capacidade de geração de energia no Brasil. O deputado adverte que se a Chesf for efetivamente privatizada – e o simples adiamento do processo não é suficiente –, toda a sociedade deve ser convocada para impedir a concretização da operação .

O deputado socialista alertou que os brasileiros serão imensamente prejudicados. Os nordestinos, em especial, vão perder o controle sobre as usinas de Paulo Afonso, Apolônio Sales, Xingó, Boa Esperança e Itaparica. “E o mais grave: não perderemos somente o controle, mas sobretudo o próprio rio São Francisco. Essa é a mais assombrosa previsão que se abate sobre o Nordeste”, ressalta.

Jorge Gomes faz referência a uma carta feita pelo então governador Miguel Arraes, em 1995, ao presidente Fernando Henrique Cardoso, denunciando que o Governo Federal estava vendendo o São Francisco. O parlamentar assinalou ainda que Arraes rebatia o processo privatizador ao afirmar: “As privatizações quebram estruturas de produção feitas segundo a lógica de descentralizar as atividades e reduzir os desníveis regionais. A forma como está sendo vendida a Chesf ameaça o Nordeste e desconhece a necessidade de preservação do seu ecossistema, além de se constituir num péssimo negócio para o País”. (A A)