Frente da Câmara dos Deputados realiza ato na Alepe contra privatização da Eletrobras

Em 26/04/2018 - 19:04
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PROTESTO – A retomada dos esforços pelo Governo Federal para vender o controle da empresa motivou a iniciativa, que reuniu políticos e representantes de sindicatos e de movimentos sociais. Foto: Jarbas Araújo

A retomada dos esforços pelo Governo Federal para vender o controle da Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras voltou a motivar ato contra a medida na Assembleia Legislativa. Nesta quinta (26), políticos e técnicos do setor apontaram as desvantagens da proposta durante uma audiência pública, na Alepe, da frente parlamentar da Câmara dos Deputados em defesa da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) – subsidiária da Eletrobras. O evento contou com o apoio da Frente em Defesa da Chesf na Casa Joaquim Nabuco.

Na semana passada, um decreto da Presidência da República autorizou o início de estudos para o processo de desestatização da companhia. Partidos contrários à iniciativa argumentam que a privatização precisa do aval do Congresso Nacional, e questionam na Justiça a legitimidade do decreto presidencial. Os oposicionistas vêm obstruindo, na Câmara dos Deputados, a votação do projeto que permite a venda das ações da estatal.

Ex-presidente da Agência Nacional de Águas  (ANA), Vicente Andreu alertou para tensões que podem surgir da gestão privada do sistema elétrico – que no Brasil é alimentado principalmente pela energia gerada a partir dos rios. “Os interesses em torno da água ficam cada vez mais complexos. Se esses conflitos não forem geridos de acordo com o interesse público, irão explodir disputas federativas e será uma tragédia para a sociedade”, expôs Andreu, citando também a possibilidade de que se aprofundem dificuldades no abastecimento.

O ex-diretor da Chesf Mozart Bandeira alertou para o possível aumento das tarifas em razão do processo de desestatização. Presidente do Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco, Fernando Freitas pediu que os trabalhadores do setor continuem mobilizados contra a medida. “Os representantes do Governo estão correndo para privatizar a Eletrobras porque sabem que serão derrotados no voto”, afirmou Freitas.

Políticos presentes também marcaram posição contra a proposta do Governo – assim como aconteceu em um debate sobre o tema na Alepe no ano passado. Coordenador da Frente em Defesa da Chesf na Câmara dos Deputados, o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) alertou que abrir mão do controle sobre o sistema elétrico é “algo que nenhum país desenvolvido faz”. No mesmo sentido, a relatora do colegiado, deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), apontou que é necessária a presença dos Governos nos setores estratégicos. “Energia e água são bens essenciais às pessoas e à economia.”

O coordenador da Frente em Defesa da Chesf na Alepe, deputado Lucas Ramos (PSB), disse que o interesse na venda da Chesf não tem como fim tornar a empresa mais eficiente, mas unicamente especular com as ações da estatal. “Os coronéis no poder são acionistas da Eletrobras, e ficaram mais ricos da noite para o dia com o simples anúncio da privatização”, denunciou. Também se pronunciaram os deputados estaduais Teresa Leitão (PT) – que alertou para o contexto em que diferentes setores governamentais convivem com a possibilidade de passarem à iniciativa privada Odacy Amorim (PT) e Isaltino Nascimento (PSB). Pela manhã, em discurso no Plenário, Nascimento já havia feito críticas ao processo de desestatização da Eletrobras. Ao ato, também compareceram representantes de sindicatos e de movimentos sociais.