
POLÍCIA – Parlamentar qualificou como “equivocada” a operação no Acampamento Bondade, do MST. Foto: Jarbas Araújo
O deputado Doriel Barros (PT) protestou, na Reunião Plenária desta quinta (27), contra a reintegração de posse realizada no Engenho Bonfim, em Amaraji (Mata Sul), no último dia 25. O parlamentar, que preside a Comissão de Agricultura da Alepe, qualificou como “equivocada e violenta” a operação no Acampamento Bondade, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Segundo o petista, na remoção das cerca de 200 famílias que viviam no local, a Polícia Militar e os seguranças da Usina União agiram de maneira truculenta, violando a Constituição Federal e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). “O aparato foi montado como se fossem prender um assassino ou um ladrão perigoso. Mas quem estava lá eram trabalhadores e trabalhadoras rurais, que lutam por um pedaço de chão para viver dignamente com suas famílias”, expressou.
“É uma contradição que o Brasil esteja passando fome e a gente expulse da terra quem deseja produzir alimentos”, prosseguiu. Barros lembrou que a Constituição prevê a desapropriação, para Reforma Agrária, de terrenos que não estejam cumprindo sua função social, mediante indenização aos proprietários. Citou, ainda, decisões do STF que proíbem despejos e remoções no período da pandemia de Covid-19.
Para o deputado, a ação em Amaraji vai agravar as infecções pelo novo coronavírus, provocando mais fome e mortes. “Não podemos lavar as mãos diante de uma situação grave como essa. E nem admitir práticas que não contribuem para um país onde as pessoas possam ter os seus direitos assegurados”, assinalou. “Os sem-terra são tratados como invasores, quando estão lutando pelo cumprimento da Carta Magna brasileira”, agregou.
O parlamentar reforçou a contribuição da agricultura familiar para a geração de empregos e renda e o desenvolvimento de Pernambuco, cobrando que o setor seja respeitado como se faz com o agronegócio.
Em aparte, a deputada Teresa Leitão (PT) externou repúdio: “Essas pessoas foram surpreendidas pela atitude violenta da polícia”. Ela cobrou um posicionamento sobre o episódio por parte do governador Paulo Câmara, do secretário de Desenvolvimento Agrário, Claudiano Martins Filho, e do presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária (Iterpe), Henrique Queiroz.
“A população que trabalha na Zona da Mata é, historicamente, muito explorada e vive com muitas dificuldades. Mas há alternativas para resolver os conflitos de terra”, ratificou o deputado João Paulo (PCdoB). O tema também foi tratado pela deputada Jô Cavalcanti, das Juntas (PSOL). “Reafirmamos nosso apelo ao Governo do Estado para que essas ações sejam proibidas durante a pandemia”, disse. “Nossa solidariedade aos que foram submetidos a essa violência terrível.”
Estradas
No tempo destinado à Comunicação de Lideranças, Doriel Barros relatou problemas identificados por ele em rodovias estaduais durante visitas recentes ao Sertão. De acordo com o petista, o crescimento do mato na PE-320, PE-414 e PE-418 tem provocado acidentes na região, conforme relatos da população.
“O mato não invade somente o acostamento, mas a própria pista. Faço um apelo ao DER-PE (Departamento de Estradas de Rodagem) e demais autoridades para que ajudem a evitar mortes e garantam a segurança das pessoas que passam por essas vias”, solicitou.