
ENCONTRO – Reunião foi coordenada pelo presidente da Casa, Guilherme Uchoa (PSC), e partiu de uma iniciativa do deputado Pastor Cleiton Collins. Foto: Sabrina Nóbrega
Para marcar a passagem do Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito, celebrado no último dia 26, a Assembleia realizou, nesta quinta (28), a 15ª edição do Mutirão pela Vida, no pátio do Museu Palácio Joaquim Nabuco. A iniciativa reuniu comunidades terapêuticas para realizar atendimentos e orientar a população sobre o risco do uso de drogas. A data também motivou um Grande Expediente Especial sobre o tema, ocorrido no auditório do Edifício Governador Miguel Arraes.
Na abertura do Grande Expediente Especial, o presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PSC), sublinhou que o combate ao narcotráfico é uma luta que reúne governos e países, com o objetivo de enfrentar o poder das quadrilhas e organizações criminosas. “O mundo está do jeito que está por causa desse mal, que acaba com a juventude e, consequentemente, com a sociedade. A droga entra pelas fronteiras para enriquecer poucas pessoas e desagregar famílias”, expressou.
Autor da iniciativa do mutirão e da realização do Grande Expediente Especial, o deputado Pastor Cleiton Collins (PP) afirmou que, nos últimos anos, as comunidades terapêuticas “vêm sofrendo perseguição” e questionou o Relatório da Inspeção Nacional em Comunidades Terapêuticas – 2017, do Conselho Federal de Psicologia (CFP). “O Conselho quer confundir as pessoas. Tentam misturar no mesmo bolo as comunidades terapêuticas que cobram e internam pessoas involuntariamente com essas que estão aqui hoje”, afirmou.
Collins propôs a regulamentação dessas entidades em Pernambuco com base na normativa nacional. Para isso, pediu apoio para a aprovação do Projeto de Lei nº 1940/2018, de sua autoria, com esta finalidade. O parlamentar também propôs a criação de uma Frente Parlamentar em defesa dessas entidades e a criação de um “selo de qualidade”, numa parceria entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, “para diferenciar as que trabalham com seriedade das que não têm compromisso com a vida. “O Estado deve ajudar e não fechar essas instituições”, pontuou.
Assessora de Políticas Públicas da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (Confenact), a vereadora do Recife Missionária Michelle Collins (PP) disse que o CFP visitou apenas duas comunidades em Pernambuco, que não são entidades sem fins lucrativos, mas empresas. “As comunidades terapêuticas têm 50 anos de história. A Federação Pernambucana tem cerca de 50 associadas. Se precisar vamos cortar na própria carne, mas não podemos pagar o preço em nome de uma minoria”, disse ela.
O juiz titular da Vara de Execução de Penas Alternativas do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Flávio Fontes, condenou a “generalização” e sustentou que as instituições devem ser aperfeiçoadas, e não fechadas. Na mesma linha, o secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco, Cloves Benevides, disse que o marco regulatório “vai valorizar quem trabalha com responsabilidade cidadã e penalizar as que utilizam da nomenclatura para fazer o mal”.
Gerente-geral de Processos de Saúde da Secretaria de Inclusão Social, Família e Direitos Humanos de Medellín, na Colômbia, Cesar Hernandes Correa reforçou que pobreza, falta de escolaridade e desemprego são fatores associados ao abuso de drogas. Ele ressaltou o lançamento, em abril, da campanha “Escuta Primeiro”, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). A iniciativa busca fortalecer laços de confiança no âmbito familiar para ajudar crianças e adolescentes a crescerem saudáveis e seguros. “Os modelos que trabalham contra a dependência química não devem ser perseguidos, mas complementados pela Academia, governos, sociedade e grupos econômicos”, agregou o colombiano.

AÇÃO – Alepe também promoveu a 15ª edição do Mutirão Pela Vida, no pátio do Museu Palácio Joaquim Nabuco. Foto: Sabrina Nóbrega
Durante o Mutirão pela Vida, Wagner Aparecido Prudêncio, em tratamento contra dependência química, afirmou que vem sendo acompanhado na Comunidade Terapêutica Saravida por profissionais, monitores e coordenadores. “Estou tendo uma qualidade de vida que não tinha. Há 24 anos usando entorpecentes como o crack, perdi esposa, filho, carro… minha vida foi muito turbulenta. Lá, tenho o suporte necessário para ter uma vida de sobriedade”, acentuou.