
ARGUMENTO – Autor da proposição, Pastor Cleiton Collins defendeu a medida. Foto: Jarbas Araújo
Pelo segundo dia consecutivo, foi adiada a votação de indicação ao Ministério da Educação (MEC) para “retirar expressões que contenham relação com a ideologia de gênero” da nova Base Nacional Comum Curricular, em análise no órgão federal. Autor da proposição, o deputado Pastor Cleiton Collins (PP) foi à tribuna, nesta quinta (19), defender a medida. Priscila Krause (DEM), que se opõe à iniciativa, pediu verificação de quórum, o que resultou na suspensão da votação. No momento, foi registrada a presença de 17 parlamentares.
Na quarta (18), deputados contrários à proposta saíram do Plenário para obstruir a votação, após negativa de Cleiton Collins a pedidos para que retirasse a matéria da pauta de apreciação. Hoje, o progressista argumentou favoravelmente à indicação. “É um simples pedido ao ministro. Esse pensamento não é só meu, mas do País inteiro”, disse. “Desde 2014, o MEC tenta introduzir a obrigatoriedade de ensino de ‘ideologia de gênero’ na educação brasileira, mas, apoiados pelas famílias brasileiras, os parlamentares vetaram o gênero do Plano Nacional de Educação.”
Para o parlamentar, o documento proposto – que irá nortear currículos e propostas pedagógicas de escolas públicas e particulares – é inconstitucional. Collins denunciou trechos que contêm as expressões “experiências corporais”, “questões de gênero e de corpo” e “sexualidade”. “O número de crianças confusas sobre o próprio sexo está aumentando nos países que têm ensinado ‘ideologia de gênero’ nas escolas. Na Inglaterra, nos últimos 5 anos, a quantidade de crianças diagnosticadas com disforia de gênero aumentou em 1000%, de acordo com o jornal The Sun”, destacou.

SOLICITAÇÃO – Priscila Krause, que se opõe à iniciativa, pediu verificação de quórum. Foto: Jarbas Araújo
Priscila Krause disse que os fragmentos destacados pelo deputado, quando lidos no contexto da base curricular, prezam por valores que devem ser protegidos. A democrata citou que o termo “experiências corporais” aparece como habilidade pretendida para as disciplinas de dança e artes visuais, enquanto “questões de gênero e de corpo” são citadas em atividades como teatro, música, educação física e lutas.
“Quanto à sexualidade, é preciso, sim, discuti-la. Sexualidade não é erotização, a erotização está na cabeça de quem lê”, continuou a democrata. “O que se pretende é estimular interações referenciadas na equidade, na justiça e no respeito, exatamente o que temos de promover. Não podemos mais aceitar que se diga, por exemplo, que minha filha não possa fazer judô porque é menina”, comentou. Com o adiamento, a proposição retorna à Ordem do Dia na próxima segunda (23).