
DEBATE – Necessidade de criação do colegiado foi discutida durante audiência pública promovida pela Comissão de Administração Pública. Foto: Rinaldo Marques
A Assembleia Legislativa anunciou, nesta segunda (18), a possibilidade de criar uma frente parlamentar em defesa dos bancos públicos, por proposta da deputada Teresa Leitão (PT). A necessidade de um colegiado sobre o tema foi discutida durante audiência pública promovida pela Comissão de Administração e replica um movimento nacional contrário à privatização bancária.
“Estamos aqui para problematizar uma ameaça real que está ocorrendo no Brasil e que dá continuidade ao golpe”, declarou a petista, reforçando a importância dos bancos para a economia. Solicitante do debate, a parlamentar avaliou, ainda, que “o presidente Michel Temer tem abraçado o processo de privatização como mote de gestão, o que resultará na entrega das riquezas nacionais”.
Presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues trouxe balanços para contrapor o argumento de que os bancos públicos estão dando prejuízo. “No primeiro semestre deste ano, a Caixa Econômica teve lucro de R$ 4,1 bilhões, um aumento de 104% em relação a 2016. Já o Banco do Brasil atingiu R$ 5,2 bilhões, um acréscimo de 67%”. Nos cálculos dos servidores, a privatização prejudicará a geração de emprego e renda e a concessão de créditos. “Hoje, a política de habitação brasileira para pessoas de baixa renda é feita pela Caixa. Privatizá-la significa tirar a oportunidade de milhões de pessoas terem a casa própria”, frisou.
Presidente da Comissão de Administração, o deputado Lucas Ramos (PSB) criticou a falta de diálogo e transparência sobre o futuro dos bancos públicos na gestão Temer. Também abordou a questão da segurança física das unidades financeiras, muitas fechadas depois de explosões. “Esse debate não diz respeito só à questão econômica, mas também à situação de vulnerabilidade das agências, que tem causado prejuízo aos comerciantes e exposição aos cidadãos”, acrescentou.
Também membro do colegiado, o deputado Rogério Leão (PR), que foi prefeito de São José do Belmonte (Sertão Central), destacou o papel de instituições como Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Posso dar o meu testemunho do quanto o Banco do Brasil foi importante para a minha administração e para o povo de Belmonte. Não podemos perder entidades que atuam como parceiras de gestões públicas”.
O deputado Odacy Amorim (PT) também participou do debate e rememorou o trabalho da ex-presidente Dilma Rousseff “em defesa dos interesses do povo, em detrimento dos banqueiros”.
Representando a Frente Nacional em Defesa dos Bancos Públicos – composta por parlamentares do Congresso Nacional –, a secretária-geral do Sindicato dos Bancários, Sandra Trajano, ressaltou que “várias ações para privatização dos bancos estão sendo lançadas desde 2010”. De acordo com ela, o Projeto de Lei nº 555/2015, em tramitação no Senado Federal, foi o que chegou mais perto disso.
Carlos Veras, da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE), falou sobre a necessidade de mais uma greve geral “para impedir o retrocesso no País”. “Se tiver que vender alguma coisa, a população precisa ser ouvida”, avaliou. Da CUT nacional, Expedito Solaney chamou atenção para as consequências da privatização, citando a venda do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe) em 1998. “Aconteceu um verdadeiro estrago na economia”, argumentou.
Já Aluízio Lira, da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Fetrafi-NE), alertou para o possível aumento de preços dos itens alimentícios, caso o Banco do Brasil seja privatizado. “Precisamos muito do engajamento de vocês, parlamentares, que têm como principal missão defender os interesses do povo”, declarou.
Ao final da audiência, Teresa Leitão afirmou que o debate deverá ser retomado com a ouvida do setor patronal. A criação da frente estadual ainda será submetida ao Plenário.