Álvaro Porto cobra do Governo repasses a hospital que realiza cirurgias cardíacas pelo SUS

Em 07/12/2016 - 16:12
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ESPERA - Segundo parlamentar, falta de recursos reduziu número de procedimentos do tipo na unidade de saúde e cerca de 400 pacientes correm risco de morte enquanto aguardam normalização. Foto: João Bita

ESPERA – Segundo parlamentar, falta de recursos reduziu número de procedimentos do tipo na unidade de saúde e cerca de 400 pacientes correm risco de morte enquanto aguardam normalização. Foto: João Bita

O aumento da espera por cirurgias cardíacas, provocado pela redução dos procedimentos custeados pelo Estado no Real Hospital Português, motivou críticas do deputado Álvaro Porto (PSD), durante a Reunião Plenária desta quarta (7). O parlamentar mencionou problemas relatados em carta aberta, divulgada na semana passada, em que profissionais denunciam o risco de morte a que estão submetidos 400 pacientes que aguardam pelo atendimento na unidade de saúde, localizada no Recife.

Os cirurgiões, lembrou o deputado, também questionam os motivos que têm levado o Governo a não repassar recursos recebidos do Sistema Único de Saúde (SUS), destinados a cobrir as intervenções realizadas no hospital, que somam 1,2 mil procedimentos por ano. Após acordo com a Secretaria de Saúde (SES), descrevem os profissionais, as cirurgias cardiovasculares foram reduzidas em 35%, para viabilizar os pagamentos pelo Estado, mas, ainda assim, as prestações não teriam sido regularizadas.

“A falta de assistência médica digna é a mais cruel das mazelas enfrentadas pelos pernambucanos, e a tarefa desumana de acompanhar o sofrimento de quem espera por uma cirurgia está sendo imposta a nossos profissionais da saúde”, lamentou Porto. “Médicos estão sendo obrigados a agir como juízes divinos, tendo de escolher quem será operado ou não.”

O parlamentar apontou que outros problemas graves atingem a rede pública de saúde no Estado, como a ausência de plantonistas em hospitais do Agreste, a falta de transporte de emergência em hospitais regionais, o baixo investimento em assistência materna, além do atraso de repasses para custeio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em municípios do Interior. “Há cidades em que apenas um cateterismo é autorizado por mês. É um absurdo”, acrescentou.

O modelo de gestão de unidades por meio de Organizações Sociais de Saúde (OSS), que são 32 em Pernambuco, também foi alvo de queixas do deputado. Segundo Porto, estudos apontam que hospitais geridos por OSS gastam até quatro vezes mais. “Especialistas também alertam para o agravamento de problemas como atrasos de salário, demissões em massa, fechamento de leitos e falta de insumos”, alertou.

Vice-líder do Governo, Tony Gel (PMDB) argumentou que “não se pode debitar na conta do Estado todas as dificuldades do setor”, lembrando que, no início do ano, o Governo Federal cortou R$ 12 bilhões do orçamento da Saúde. “Essas dificuldades são repassadas para os entes federados num sistema de custos desequilibrado e desumano”, observou.

Odacy Amorim (PT) e Socorro Pimentel (PSL) lembraram que, em Petrolina, no Sertão do São Francisco, cirurgias cardíacas custeadas pelo SUS no Hospital Memorial foram suspensas em 2015. Desde então, pacientes da região têm buscado tratamento no Recife, onde a espera é maior. “Um paciente com obstrução de artérias é um quadro muito grave que pode causar morte repentina. Essa situação é uma negligência do Estado”, afirmou Socorro Pimentel. Romário Dias (PSD) e o líder da Oposição, Sílvio Costa Filho (PRB), também registraram sua preocupação com o tema.